Empreendimento

Um roteiro para morrer de amores

Os 12 estabelecimentos que compõem o projeto Morro de Amores realizam neste fim de semana feira de artesanato e produtos coloniais que já levou até a cidade pelo menos seis mil turistas desde que foi criado

Paulo Rossi -

Emancipada de Pelotas em 1988, Morro Redondo tem pouco mais de seis mil habitantes. É esse também o número de turistas que visitam o município através do roteiro Morro de Amores, farto desde a gastronomia, com cafés coloniais e restaurantes, até o contato límpido com a natureza por trilhas ecológicas, banhos de arroio e acampamentos. Neste fim de semana, um evento no município fará exposição de produtos oriundos dos 11 estabelecimentos que formam a rota.

A iniciativa nasceu dentro do Projeto Gaúcho do Pampa ao Mar, Turismo Rural, Costa Doce e Pampa Gaúcho, promovido pelo Sebrae/RS, em 2013, a partir da necessidade de investimento no turismo, identificada por empreendedores locais, prefeitura, Câmara de Vereadores e Emater/RS, além do próprio Sebrae, onde o primeiro passo foi dado com cursos de capacitação e direcionamento. Montagem de cafés coloniais, artesanatos inspirados no Museu Histórico do Morro Redondo, boas práticas com o cliente e associação e cooperativismo foram alguns dos temas que permearam as oficinas. Hoje são 12 estabelecimentos associados e o número deve aumentar para 16 até o próximo semestre.

Luís Fernando Neumann, proprietário do Hotel Fiss e presidente da Associação de Turismo de Morro Redondo, destaca que o sucesso do Morro de Amores se dá, principalmente, pelo engajamento e a união dos empreendedores que dele fazem parte. “Foram os dois pontos mais importantes. A frequência nas reuniões é cada vez maior”, diz, acrescentando que o projeto também proporcionou inclusão social no município, dando a possibilidade de pequenos produtores conseguirem interessante retorno financeiro através de visitas guiadas e venda de produtos, por exemplo.

Idealizadora do projeto e hoje colaboradora, Angélica Milech diz crer que o Morro de Amores segurou Morro Redondo quando, em maio de 2016, a Indústria de Frangos da Cosulati, principal empreendimento do município, fechou as portas causando a demissão de 180 funcionários. “Desde então o turismo rural tem sido uma das principais fontes de renda da cidade e vai crescer ainda mais a médio e longo prazo. Com o aumento no número de visitantes, muitos empreendedores estão expandindo os seus negócios e, consequentemente, empregando mais pessoas”, comenta. De 2015 para 2016, o fluxo de turistas que visitaram o roteiro cresceu 66%.

Paz que germina
Dentre os empreendimentos associados ao roteiro Morro de Amores está o Sítio Amoreza, singular local destinado ao contato profundo com a natureza em uma relação libertária de mão dupla: o visitante tem uma experiência longe do estresse diário e as árvores e os animais são criados e respeitados como seres tão importantes como qualquer outro.

O local surgiu há sete anos quando o gestor, Pedro Vieira, sofreu o baque com a perda da avó. Já cansado do caos urbano e em busca de uma vida mais simples, mudou-se de Pelotas para o sítio que, diz, custou o preço de um apartamento na periferia da cidade onde morava. “Num pátio desses”, como define, passou a ter a constante companhia do som das árvores, das cachoeiras, dos pássaros, dos cachorros que acompanham os passos - quem o visita, idem.

No Amoreza o pelotense começou a trabalhar com permacultura, método produtivo mais sustentável através de sistemas multifuncionais eficientes e duradouros no trato com a terra. A filosofia de harmonia com a natureza foi incorporada nas atividades que o local desempenha, como visita aberta, café com produtos coloniais, aventura, eventos, oficinas sobre temáticas sustentáveis. Há também espaço destinado a acampamentos - com tudo o necessário e um trabalho específico para crianças, com uma horta pedagógica.

Enquanto cuida o filho Cauê, dois anos de vida livre e de pés descalços correndo pelo sítio, Pedro conta que o sítio já recebeu pessoas de países como Argentina e Espanha através de um programa de voluntariado, em que o visitante troca o trabalho pela estadia - o mínimo de tempo a ficar é dez dias, mas já houve casos de dois anos e meio de permanência.

Entre vinhos
Laudelino Nardello, natural de Antônio Prado (Região da Serra, a 432 quilômetros de Pelotas), não é de falar muito. Prefere fazer vinhos e disponibilizá-los a degustação. É assim há 30 anos, desde quando criou a vinícola com o mesmo sobrenome, localizada a 1 km da BR-392. Há dez, a dedicação ficou mais intensa e ele fez dos parreirais de cantina de pedra interessante espaço para confraternização de turistas. Há também na propriedade, que além do Morro de Amores faz parte ao mesmo tempo do roteiro Pelotas Colonial, espaço com bancos para que os visitantes contemplem a paisagem tomando um chimarrão, um vinho, um suco de uva.

Para ele, participar de tais rotas é positivo para todos na medida que acrescenta visitantes no somatório mensal - são 200 em média. “O turismo individual não funciona. O que faz dar certo é todos os empreendimentos divulgarem uns aos outros”, completa.

Oportunidade

O fim de semana, com a 1ª Feira de Artesanato e Produtos Coloniais, é uma boa oportunidade para conhecer o roteiro. A realização tem o apoio de prefeitura de Morro Redondo, Sebrae/RS, Emater e Embrapa. Confira a programação completa:

Sábado (1º)
14h
Exposição de Artesanato e Produtos Coloniais no Museu Histórico de Morro Redondo
Visita ao Roteiro Turístico Morro de Amores, com inscrições antecipadas, pelo telefone: (53) 98111-1258
I Torneio de Futsal Feminino Morro de Amores

20h
Jantar, apresentações artísticas e minifandango, grupo Tranco Galponeiro na Sede do CTG Cancela Grande, Colônia Passo do Valdez

Domingo (2)
10h
Exposição de Artesanato e Produtos Coloniais
Exposição de Carros Antigos
Presença do grupo Stipa - Serenata da Páscoa
Brinquedos Infláveis (acesso livre)

Morra de amores (empreendimentos que integram o projeto)
1. Vinhos Nardello
O que oferece: visitação grátis para degustação de produtos como vinhos, sucos de uva, salame italiano e queijo
Telefone: (53) 98113-4410

2. Quiosque Romano
O que oferece: fruteira e produtos coloniais como vinhos, queijos, pães, salames e cucas
Telefone: (53) 3224-6149

3. Floricultura Sobrado das Plantas
O que oferece: flores, plantas nativas e ornamentais, enxertos, vasos e floreiras, além de substrato e acessórios para jardim e artesanato local
Telefone: (53) 98134-7962

4. Café Paiol
O que oferece: espaço gastronômico com café rural, além de passeios de Tuco Tuco e trilha ecológica
Telefone: (53) 98110-0700

5. Pousada da Cachoeira
O que oferece: hospedagem em local tranquilo, junto à natureza e com cachoeira com queda d'água de 25 metros de altura - a maior da zona rural da região
Telefone: (53) 99988-0658

6. Sítio Sonho Meu
O que oferece: contato com a natureza, almoço, café colonial e trilha no Caminho de São Francisco
Telefone: (53) 98125-1428

7. Família Signorini
O que oferece: banho de cascata, caminhadas por pomares de pêssego, visita a um recanto de aves, além de almoço aos sábados e café colonial aos domingos.
Telefone: (53) 99102-2782

8. Restaurante Haus Fiss
O que oferece: almoço de segunda a domingo e música ao vivo no primeiro sábado de cada mês à noite
Telefone: (53) 3227-3443

9. Hotel Fiss
O que oferece: apartamentos com ar-condicionado, frigobar, TV digital e Wi-Fi. Café da manhã incluso
Telefone: (53) 3224-0451

10. Point Bar
O que oferece: pizzas, lanches e porções, além de almoço e jantar
Telefone: (53) 3274-5729

11. Sítio Amoreza
O que oferece: visita aberta, café aos sábados com agendamento, aventuras, roteiro de educação ambiental para escolas, eventos e oficinas sobre temáticas sustentáveis
Telefone: (53) 98428-1080

12. Doces João de Barro
O que oferece: doces de frutas como laranja, figo e abóbora através de receitas tradicionais de família
Telefone: (53) 98128-9003

 

 

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