126 anos do Diário Popular
Um tempo de muitas descobertas
Idosos estão vivendo mais e melhor
Aos poucos os cabelos grisalhos, a pele enrugada e as vozes cheias de história - e memória - vão ganhando seu espaço entre a população. Uma população que, aos poucos, está envelhecendo. Envelhecendo e vivendo. Um fenômeno mundial que há algumas décadas vem deixando sua marca também entre os brasileiros e deve se tornar, a cada ano, ainda mais vivo. Somente hoje ele é representando por 23,5 milhões de brasileiros com seus 60 anos ou mais. Já ocupando um protagonismo significativo, Pelotas se posiciona como um município acima da média quando se fala em envelhecimento, onde 15% dos habitantes são idosos. Do último censo do IBGE, em 2010, até hoje, a parcela da população com mais de 60 anos que era de 49.764 cresceu 4,4% e a projeção é de que deva ultrapassar os 24% em 2030.
As previsões não só mostram que se está vivendo mais, como também que se caminha para um envelhecimento geral da população, devido à queda nos índices de fertilidade. Estima-se que em 2050 haverá mais idosos do que crianças menores de 15 anos. Em 2055, idosos deverão ser maioria, superando o número de crianças e jovens com até 29 anos. Ainda segundo dados do IBGE, a expectativa de vida do brasileiro na primeira década do século 20 era de 34 anos. Hoje ultrapassa os 73,8. Ao mesmo tempo, a média de filhos por mulher caiu de 6,3 em 1960 para 1,9.
A mudança não indica apenas aumento no tempo de vida, mas também aumento - ou pelo menos a buscar por - de uma maior qualidade e aproveitamento deste tempo. O perfil do idoso mudou. Para a psicóloga e coordenadora do Centro de Extensão em Atenção à Terceira Idade (Cetres), da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Sulanita de Arruda, há duas palavras-chaves para descrever quem é este novo idoso: mulher e ativa. De acordo com Sulanita, uma grande fatia da população com mais de 60 anos é feminina, acompanhando uma tendência também mundial de expectativa de vida onde as mulheres vivem mais do que os homens, e está disposta a desempenhar múltiplas tarefas. “O idoso quer empreender, quer ensinar coisas que sabe, aprender outras, quer investir em si e cuidar da sua saúde. A aposentadoria não é o fim. Isto que significa hoje chegar na terceira idade”, diz.
O novo cenário inspirou até mesmo a Organização Mundial da Saúde a utilizar o termo “envelhecimento ativo” para falar sobre o tema, que abrange o fenômeno das pessoas estarem vivendo mais, envelhecendo melhor e buscando um contínuo aproveitamento do tempo com atividades das mais diversificadas. Sulanita aproveita para destacar que ainda há muito despreparo em termos de políticas públicas capazes de contemplar as necessidades que passaram a existir. “É um processo que está acontecendo muito rápido e não tivemos tempo de nos prepararmos. Não estamos prontos, mas estamos discutindo o tema e conscientes de que há muito para avançar”, afirma a psicóloga. Para ela, é importante também repensar o significado da palavra envelhecimento, já que atualmente ela tem implicado um novo contexto. “É uma tendência natural não querer envelhecer, mas é ainda mais importante que deixemos esse medo de lado e passemos a enxergar esta fase como um momento positivo. Não é somente sobre perdas. É uma fase também de ganhos.”
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