Drogas

Uma casa para mulheres dependentes químicas

Comunidade Renascer pede apoio para ampliar prédio cedido para instalar unidade feminina

Paulo Rossi -

A Comunidade Terapêutica Renascer - Centro de Reformulação Comportamental precisa da colaboração da comunidade e do empresariado dispostos a ajudar a instituição para aumentar o prédio cedido pela prefeitura, localizado no Monte Bonito, zona rural de Pelotas para que possa instalar no local sua unidade feminina. Desde a entrega da propriedade que funcionava no Capão do Leão, as mulheres dependentes químicas tiveram de ser levadas para a masculina, que funciona no Monte Bonito desde 2009. E há um consenso sobre isso: unidade mista acaba tirando o foco dos residentes.

Na área cedida pelo município à Renascer por cinco anos, podendo ser prorrogada por mais cinco, existe um pequeno prédio, com duas salas e dois banheiros. Para criar lá a unidade feminina é preciso construir dois quartos grandes, refeitório e uma passarela para ligar à edificação já existente, onde ficarão a monitoria e a dispensa. O coordenador da Renascer, Luciano Vargas, considera fácil erguer o que é necessário, o mais difícil é conseguir custear o material, por isso apela à boa vontade e à disposição das pessoas em colaborar. A casa hoje trata 42 internos, entre homens e mulheres, de 18 a 65 anos de idade.

Vargas conta que passou pelo local, que fica a quatro quilômetros da sede mista, e viu que lá funcionava uma escola de Ensino Fundamental (Dona Leopoldina Maria Kopp), erguida em 1986, no governo Bernardo de Souza, porém desativada há muito tempo. Foi então que teve a ideia de pedir à prefeitura. A partir da cedência pode trabalhar com a viabilidade concreta de transferir as mulheres novamente.

Jordana Costa, 22, é graduada na então unidade feminina do Capão do Leão. Fez os nove meses de tratamento que o programa estabelece e depois migrou para a mista, junto com as colegas, porque preferiu permanecer no lugar. Ajuda hoje na obra como monitora. "Seria muito importante para as meninas ter seu local próprio, pois para o tratamento é melhor a individualidade. O programa foca muito no bem-estar próprio. Para eles também, o sair do foco acaba sendo mútuo e o ideal é a espiritualidade de grupos masculinos e femininos", diz.

Conforme Jordana, a chegada na casa envolve muito sofrimento que trazem da rua. Chegam debilitados e se encontram na Renascer com seus espelhos e isso pode gerar problemas. Por isso a volta da unidade para mulheres seria maravilhoso, em sua opinião. "Com certeza é melhor separar para focar e até mesmo para que se possa tocar em determinados assuntos, sentimentos, o que fica difícil na presença delas. É melhor se abrir entre homens", fala Jeferson, 33, que está na segunda passagem pela comunidade.

Após seis meses de tratamento na fazenda, os internos têm mais três de adaptação fora, quando começam a passar uns dias com suas famílias. Voltam para fazer a graduação e o término do programa. Muitos optam por permanecer no local por se sentirem mais seguros, como Jordana. A espiritualidade é conduzida com passagens da Bíblia e cantos de louvor. A Renascer não prega religiosidade e respeita a de cada um, salienta o coordenador.

Conforme Vargas, entre os que cumprem o programa, de 20% a 30% se mantêm "limpos". O restante recai. Vários são reincidentes e custam mais a entender que são doentes e como tal precisam "tomar seu remédio", por isso acabam ficando envolvidos com o trabalho da instituição, por encontrarem um porto seguro lá dentro. Cerca de 90% dos residentes têm medicação psiquiátrica, ressalta a supervisora da fazenda, Neiva Vargas.

Instituição criada por uma família
A Renascer é uma instituição criada e atendida por uma família, sendo dois irmãos que também tinham envolvimento com drogas. Nos 36 hectares arrendados na localidade de Monte Bonito, a oito quilômetros da BR-116 e 22 quilômetros do escritório situado na cidade, os residentes têm tratamento baseado no Programa 12 Passos, criado nos Estados Unidos em 1935 por William Griffith e doutor "Bob" Smith, inicialmente para o tratamento de alcoolismo e mais tarde estendido para praticamente todos os tipos de dependência química por ser considerado o mais eficaz.

O pagamento ocorre de acordo com a condição financeira de cada um. Atualmente, 40% dos internos são carentes, sendo 28 homens e 14 mulheres. "Cada um paga o que pode, mas o que se pede é um salário mínimo", diz Vargas. Para obter mais informações sobre o trabalho da Comunidade Renascer as pessoas podem entrar em contato pelos telefones (53) 3305-7053 e 98425-2183. A Casa de Triagem funciona na rua General Neto, 491.

Objetivo
Reabilitar pessoas que desejam se recuperar do uso abusivo de álcool e drogas é o objetivo da comunidade, que tem trabalho voltado à motivação para mudança comportamental, visando à recuperação, à reabilitação e à reinserção social do cidadão. Busca através disso fazer com que os dependentes se aceitem e ajam de acordo com a realidade em que se encontram. Os princípios que norteiam o tratamento são humildade, honestidade, mente e boa vontade. O tripé é oração, trabalho e boa vontade.

Doações
As pessoas podem contribuir com material ou dinheiro para a obra de construção da unidade feminina, doando cimento, tijolos, argamassa, areia, ferro, brita, telhas e madeiras. Quem optar por doar dinheiro, pode depositar no Banco do Brasil, agência 2942-4, conta corrente 37112-2. Também são aceitos colchões, camas, travesseiros, lençóis e cobertas.

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