Atualizado às 16h31min para acréscimo de informações

Diante do painel, cinco estudantes do 1ª Ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Pedro Osório, em Pelotas, decidem o futuro profissional. Assim como eles, mais 5.592 alunos da área de abrangência da 5ª Coordenadoria Regional de Educação precisarão optar por oito das 24 áreas que compõem os itinerários formativos, até o dia 23 deste mês. A proximidade da data gera tensão, pois vai definir como as 1,2 mil horas serão distribuídas nos módulos do que é chamado de aprofundamento curricular (aquelas com maior interesse ou habilidade). A opinião das colegas é unânime sobre o pouco tempo para conhecer os itinerários, mesmo assim torcem para que dê certo, pois tratam do caminho que elas irão percorrer na vida estudantil.

No modelo escolhido pelo governo do Rio Grande do Sul, as quatro grandes matrizes, ou seja, componentes obrigatórios: Linguagens e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas dividem-se em oito (duas em cada área). Essas ainda se subdividem em três matérias, totalizando 24 trilhas, combinando área focal com outra complementar dentro de uma temática. Já as escolas de formação Profissional e Técnica, oferecem cinco trilhas: o Curso Normal - Gestão e Negócios; Ciências Agrárias; Tecnologias da Informação; e Comunicação (TICs). (Confira o gráfico).

Para as meninas, escolher um caminho que possa definir o futuro profissional agora é bem complicado, até porque o mundo está em constante mudança. Elas também querem saber como vai funcionar na prática e se há margem para mudar de área ou de escola, caso a sua não ofereça a área escolhida. A coordenadora da 5ª CRE, Alice Maria Szezepanski, explica que a pesquisa está sendo realizada com os alunos para auxiliar as escolas na estruturação da matriz curricular dos Itinerários Formativos, em 2023.

"Primeiro os alunos irão ranquear as oito trilhas, a partir das 24. Depois a escola faz um documento do que pode oferecer. A partir de então, serão cruzados os dados para definir quais são as duas trilhas de diferentes áreas de conhecimento." Sobre a possibilidade de ajustes para troca de trilha e mudança de escola por não oferecer a matéria de interesse, a coordenadora diz que aguarda orientações da Secretaria de Educação (Seduc)

Com a palavra, as estudantes
"Eu acho que esse novo modelo vai aumentar a desigualdade entre as escolas públicas e as privadas. Por questão de infraestrutura adequada a ser disponibilizada, a rede estadual poderá não comportar. E nem todos os professores estarão capacitados." Ana Luiza Esmério de Souza, 15.

"A intenção é boa, mas o momento não é adequado. Estamos voltando de uma pandemia, quando passamos dois anos longe da escola, e ter que fazer uma escolha agora, sem poder mudar depois, é muito intenso. Estamos numa idade que não sabemos direito o que queremos." Allana Moralles Gregório, 15.

"A ideia (formato do Ensino Médio) é boa, mas ela chegou para nós de forma muito rápida. Eu já projeto algo para o meu futuro, mas não sei ainda o que quero fazer. Acho que essa mudança, nesse momento, chegou como uma bomba para nós estudantes, mesmo assim, quero que dê certo." Alicia Brum Garcia, 16.

"Além de ter que decidir por algo que não pode ser mudado depois, tem a questão dos professores que sairão da zona de conforto para lidar com um processo de aprendizagem novo. Ao mesmo tempo é importante. Isso me preocupa." Letícia Teixeira Domingues 15.

"Acredito que o novo Ensino Médio ainda seja muito superficial, por isso ainda estudo as trilhas para ver qual perfil me encaixo melhor. Ciências da Natureza é bem amplo e engloba bastante assunto, caso eu venha a mudar de ideia. Esse é um processo que cresceremos junto com o projeto." Júlia Barbosa Volcan Júnior, 15.