Horta 100% Orgânica

Uma horta que cultiva e alimenta o futuro

Localizada na Zona Rural, escola municipal Dona Maria Joaquina estimula a iniciação agrícola

Jô Folha -

Ensinar as práticas do campo e resgatar o carinho pelos alimentos que vêm da terra. Esse é o objetivo da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Dona Maria Joaquina. A unidade de turno integral que fica localizada no 3º Distrito de Pelotas, no Cerrito Alegre, não só conta com uma horta 100% orgânica, um açude e criação de abelhas como estimula que todos esses espaços sejam cuidados pelos alunos. A lição é simples, mas fundamental: ensinar aos jovens noções sobre agricultura e produção sustentáveis.

Nos fundos do educandário, em quase um hectare de terra, estão plantadas beterrabas, cenouras, couve e mostarda. Além da horta, há os pomares. Ao todo, são mais de 120 espécies de frutas e plantas que se somam às 15 colmeias onde é produzido o mel. O plantio e os cuidados com os alimentos estão longe de serem passatempos. Fazem parte da iniciação agrícola dos estudantes, integrando a grade curricular que inclui aulas de técnicas agrícolas e de educação alimentar.

A diretora Ana Maria Madruga conta que os trabalhos na Emef começaram no ano de 2004, quando a escola ganhou terras em comodatos para desenvolver projeto com mães de alunos em situação de risco. "Nós usávamos esse espaço para desenvolver atividades com mães carentes, assim elas podiam produzir seus alimentos. Mas aí, quando terminou o período do comodato das terras, recebemos visitas da Paula [Mascarenhas, PSDB, atual prefeita], que na época era vice-prefeita. Mostramos o trabalho e ela [município] comprou as terras e a iniciação deixou de ser um projeto. Passou a ser uma matéria", explica.

Teoria e prática

Durante a semana os estudantes da Dona Maria Joaquina têm um dia específico para aprender a parte técnica e teórica do cultivo. Pontos como adubação orgânica, compostagem, semeadura, irrigação, apicultura e elaboração de canteiros fazem parte do processo. Uma vez compreendida a teoria, tudo que é visto em aula é colocado em prática na horta da escola.

Professor de técnicas Agrícolas, Carlos Ari Teixeira conta que a horta é instrumento importante também para o aprendizado em outras disciplinas tradicionais, como Geografia, Matemática e Ciências. "Todos os professores podem usar desse espaço como ambiente pedagógico para ir além da sala de aula. Se o professor de Matemática quiser vir para cá ou o de Geografia, ele tem essa liberdade de tornar isso um espaço de aprendizado pedagógico."

As aulas de iniciação à agricultura são ofertadas aos 6º e 7º anos. Mas o trabalho abrange os outros anos através da educação alimentar. "Os estudantes do 8º e 9º têm a educação alimentar, onde a professora busca ensinar receitas com alimentos produzidos aqui, ela mostra possibilidades. Já ensinou a eles quiche de couve, branquinho de aipim e até produziram kit sopas com eles. A gente tenta modificar o hábito alimentar para buscarmos uma alimentação mais saudável", pontua Teixeira.

Hora da colheita

O professor explica que, com as chuvas dos últimos dias, não tem sido possível realizar algumas tarefas, como a adubação. No entanto, assim que o sol apareceu na última quarta-feira, era dia de colher os frutos dos últimos tempos. Usando materiais adequados para o manuseio da horta, como botas e luvas, os alunos colheram couve, alface e mostarda. Tudo seguido da lavagem, corte e embalagem dos alimentos. E, ao fim do dia, levaram para casa os alimentos que eles mesmos produziram.

Erick Gimenes, 13, é aluno do 7º ano. Ele conta que já havia tido contato com hortas, mas a pandemia o havia afastado por um tempo. E apesar da recente volta às atividades presenciais, acredita que já aprendeu muitos com as práticas. "O bom disso tudo é plantar e colher, ver o desenvolvimento da planta", diz.

O estudante ressalta ainda a satisfação de fazer parte de todo o processo com as verduras e frutas, ainda podendo levar para casa e comer o alimento fruto do seu trabalho. Erick compartilha, ainda, algumas das receitas que coloca em prática em casa. "Eu faço couve com arroz. Já a alface eu faço uma salada com tomates. Tudo sem custo."

Para o professor Teixeira, o trabalho realizado na escola dá boas noções aos estudantes sobre consciência alimentar e sustentabilidade. "Essas atividades permitem que eles tenham uma convivência mais harmoniosa com o meio ambiente. Nossos alunos têm uma consciência da importância desse alimento que eles produziram, colheram e empacotaram", argumenta.

Sobre a escola

A Emef Dona Maria Joaquina foi a primeira escola a ter turno integral e iniciação agrícola no município. São cerca de 180 alunos que passam o dia no local e têm acesso a quatro refeições durante o período. O educandário conta também com espaços para banho e higiene dos estudantes.

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