Infância

Uma tarde só de brincadeiras de rua

Projeto tem os objetivos de garantir espaços públicos para atividades e ampliar a sociabilidade entre as crianças

Foto: Carlos Queiroz - DP - Durante duas horas, crianças com idades entre seis e sete anos brincaram livremente de diversas recreações populares da cultura brasileira

Para aproximadamente 60 crianças dos 1º e 2º anos da Escola Municipal Dr. Joaquim Assumpção, a tarde de sol de quinta-feira (27) foi recheada de brincadeiras tradicionais ao ar livre. Com o propósito de garantir espaços públicos para as atividades lúdicas e possibilitar a sociabilidade infantil por meio da diversão, a iniciativa foi promovida em mais uma edição do projeto Brincando na Rua, da Faculdade de Educação da UFPel.

Durante duas horas, crianças com idades entre seis e sete anos brincaram livremente de diversas recreações populares da cultura brasileira, como carrinho de rolimã, corrida de saco, amarelinha, corda, entre outras, no pátio do Campus 2 da UFPel. Além da garotada, professores da escola, alunos e docentes do curso de Pedagogia entraram nas brincadeiras junto para participar e ensinar, já que grande parte da nova geração está acostumada apenas com diversão mediada por tecnologia.

Além do lazer, as brincadeiras proporcionam a produção de cultura. Conforme o coordenador do projeto, professor Rogério Würdig, as crianças trocam experiências e repassam a outras o que aprenderam. Assim como ampliam o acervo lúdico, que se trata de atividades de movimentação que promovem o desenvolvimento físico, social e cognitivo. "São atividades de movimento, tirando eles da apatia, de atividades enrijecidas como, por exemplo, em celulares e videogames, para livres e espontâneas", explica.

Würdig diz que o estímulo às atividades populares de gerações anteriores para as crianças é essencial, pois elas são as guardiãs das recreações. "Se esses espaços não forem promovidos para elas, a cultura de diversas brincadeiras serão perdidas. São várias de origem indígena e africana que são praticadas desde 1500", ressalta.

O professor também destaca a necessidade de espaços ao ar livre pensados e dedicados ao lazer de crianças. Há algumas décadas, era comum encontrar os pequenos brincando na rua, uma prática que com o passar do tempo foi desaparecendo. "Esse espaço aqui [no Campus 2] era uma quadra nos anos 90, agora é um estacionamento", exemplifica.

Autonomia e liberdade
Estudante do 5º semestre do curso de Pedagogia da UFPel, Larissa Nunes, 21, participa pela primeira vez do projeto. Conforme a futura pedagoga, a iniciativa é uma oportunidade de levar as crianças o que os estudantes estão aprendendo dentro da sala de aula. Ela destaca também que a atividade tem como características importantes proporcionar a liberdade e autonomia. "Queremos mostrar para eles essas brincadeiras que fizeram parte da nossa infância e da dos pais deles, e promover a autonomia e liberdade deles brincarem e inventarem suas próprias maneiras de atividades."

Companhia para brincadeiras
Pega-pega foi a brincadeira escolhida pelo aluno do 2º ano, Anwar Hussein, de 7 anos. No entanto, ele conta que, geralmente, brinca mais no tablet em razão da falta de companhia para a atividade que envolve muita correria entre diversas crianças. "Na maioria das vezes eu brinco no meu tablet porque não tem ninguém pra brincar comigo. Aqui estou brincando com os colegas", diz, em meio a pausa para o lanche.

Esther Lessa, também de 7 anos, menciona que a melhor parte da atividade é poder brincar bastante, igual aos intervalos da escola. "Eu gosto de brincar de esconde-esconde. Aqui eu estou brincando que nem na escola, em casa só tem minha prima e ela não gosta."

Brincando na rua
O projeto existe há mais de 20 anos. A atividade surgiu por meio de uma disciplina ministrada por Rogério Würdig no curso de Educação Física. Na época, anos 2000, ele sugeriu aos alunos que observassem crianças brincando na rua. A surpresa foi que, já naquela época, brincadeiras ao ar livre eram difíceis de serem vistas.

A partir desse episódio, Würdig teve a ideia de desenvolver uma iniciativa para as crianças com o propósito de evitar que a prática se perdesse totalmente com o tempo. "Na primeira edição, nós fechamos parte da rua Lobo da Costa para os alunos da Joaquim Assumpção e cerca de 120 crianças participaram. A atividade surge pelo fato de não haver mais crianças brincando na rua, ao ar livre em geral."


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