Crise

UTI do único hospital de Canguçu está fechada

Unidade tinha capacidade para atender até dez pacientes e custa R$ 120 mil por mês para se manter funcionando

Carlos Queiroz -

Consolidada às 18:35

Após deixar de realizar novas admissões desde a última sexta-feira, a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Caridade de Canguçu (HCC) fechou seus leitos por tempo indeterminado nesta quarta-feira (3). O motivo é a falta de repasses de verbas do Governo do Estado. 

A situação vem se agravando desde o início de 2016, quando a cidade decretou situação de calamidade pública no setor hospitalar e passou a atender somente urgência e emergência - pacientes da atenção básica estavam sendo enviados ao Hospital de Caridade de Piratini por falta de medicamentos e equipamentos. A causa é um déficit mensal de R$ 400 mil por conta do não pagamento dos repasses de verbas do Governo do Estado, resultando em um endividamento total de R$ 14 milhões. O custo operacional da UTI da instituição é de R$ 120 mil.

Em reunião nesta quarta-feira a direção do hospital, representada pelo diretor administrativo Régis Silva, recebeu da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde, através da coordenadora Kátia Hoffmann, o indicativo de que haverá pleito em Porto Alegre para que os repasses sejam retomados.

Ainda não há um desfecho para o imbróglio, porém, e não foi definido prazo para que as verbas voltem a chegar à cidade que, por não ser municipalizado, vê os recursos do Governo Federal terem de passar primeiro pelo Executivo estadual antes de serem repassados aos hospitais.

Silva classifica a situação como difícil e perene. "O endividamento é muito grande e foi agravado com essa crise que o Estado vive. Estamos fazendo o mesmo que as famílias: começamos a readequar o hospital para essa nova realidade", diz, citando a não realização de serviços como consultas eletivas. Exames ambulatoriais, anteriormente suspensos, serão reativados a partir da próxima semana.

O secretário municipal de Saúde de Canguçu, Demaicon Peter, diz ter recebido com tristeza a notícia da paralisação dos dez leitos da UTI. "O que mais preocupa é ver a falência do sistema hospitalar no Rio Grande do Sul. A cada semana temos uma notícia de um hospital fechando, um serviço paralisando e não há nenhuma posição, apenas que não existe dinheiro, mas não aparece uma alternativa criada." Segundo ele, somando todas as áreas fundamentais do município, o Governo do Estado deve R$ 1,3 milhão em repasses.

Em reunião com o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers) ficou decidido que o regime de plantão no Pronto-Socorro do hospital funcionará de acordo com o que os repasses da Prefeitura podem arcar: um médico de segunda a sexta, havendo troca a cada 24 horas, e dois durante sábados, domingos e feriados. Até o final do ano a Prefeitura investirá R$ 3,2 milhões no Hospital de Caridade, para que o Pronto-Socorro siga funcionando.

Médico da instituição, Rodrigo Iruzum lamenta a situação atual. "Para nós os últimos dias foram terríveis. O hospital está para fechar há mais tempo, mas com a força do pessoal se manteve. Só que chegou em um ponto em que seria até arriscado continuar, por conta de falta de remédios e equipamentos. A gente acaba trabalhando com o coração."

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