João Neutzling Jr.

300 anos de Adam Smith

João Neutzling Jr.
Economista, bacharel em Direito, mestre em Educação, auditor estadual, professor e pesquisador
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A Economia como ciência social teve sua formatação ocorrida ao longo da história humana com a contribuição de vários estudiosos e pesquisadores. O vocábulo "economia" deriva do grego "oikonomos", que significa norma ou regra da casa, ou seja, a economia trata da gestão de recursos necessários para atender às necessidades de uma família ou comunidade. O primeiro autor a usar aquela expressão foi o filósofo grego Aristóteles (384 AC - 322 AC).

Mas somente com Adam Smith (1723-1790) que a Economia alcançou autonomia científica. Smith nasceu na Escócia, estudou Filosofia e publicou em 1776 (mesmo ano da independência dos Estados Unidos) sua magnun opus, A riqueza das nações. Trata-se de um calhamaço de quase mil páginas que codifica todo o conteúdo sobre economia até então conhecido.

A obra é composta de cinco livros. O livro primeiro trata do aprimoramento das forças produtivas do país. Smith argumenta que a divisão do trabalho e a especialização do operário são causas de aumento de produtividade da indústria e de redução do custo de produção unitário. Fato cientificamente comprovado por Henry Ford (1863-1947) em sua linha de produção em série. Smith também enfatiza o tamanho do mercado consumidor como elemento indutor do investimento privado.

O livro segundo trata das diversas formas do capital financeiro a da definição da taxa de juros no mercado financeiro. O livro terceiro descreve como as interações agricultura-comércio contribuem para o desenvolvimento comunitário. No livro quarto, Smith apresenta uma defesa do comércio multilateral e trata das colônias e seu desenvolvimento. No livro quinto, aborda o sistema tributário e a função da dúvida pública.

Se na sua época existisse o Prêmio Nobel de Economia ele certamente seria laureado. O trabalho de Smith também inspirou os economistas Davi Ricardo (1772-1823) na sua defesa do liberalismo econômico e das vantagens comparativas, e Karl Marx (1818-1883) na sua defesa do valor trabalho e comprovação da mais-valia.

Entretanto, a obra de Smith falha em apontar disfuncionalidades do sistema capitalista, tais como formação de monopólios (um único vendedor), monopsônio (um único comprador) e estruturas de concorrência imperfeita como oligopólios, onde poucas empresas (atuando sob forma de cartel) manipulam preços praticando atos de abuso de poder econômico em prejuízo da sociedade.

A cosmovisão de Smith, e europeia da época no século 18, era de uma Europa centro do universo e o resto do mundo fornecendo matérias-primas e mão de obra barata sem nenhuma autodeterminação dos povos e independência das colônias em relação das metrópoles.

Preocupações sociais como elevada taxa de desemprego, bem-estar social, concentração de renda, subemprego, entre outras, não estavam na agenda do dia das monarquias dominantes. Apenas em 1789, quando eclodiu a revolução francesa, temas desta natureza passaram a ordem do dia e foram ainda mais enfatizados com a Encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, de 1891. A obra foi lançada no Brasil pela Editora Abril na coleção Os economistas, de 1982, entre outras publicações.

Adam Smith teve um papel fundamental na consolidação da Economia como ciência social autônoma e no caráter didático e multifuncional de A riqueza das nações. Obra seminal!

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