Editorial
Quem olha pela Zona Sul?
Até o momento, não houve nenhuma visita de presidente, ministro, governador ou senador à Zona Sul do Estado durante as enchentes. É a única região, até onde temos registros, que não recebeu nenhuma "vistoria" de políticos de maiores escalões. Embora seja, também, a única região sem óbitos - pela competência dos gestores locais - e com situação mais ou menos organizada, devido, também, à preparação das gestões daqui, há que se considerar os efeitos massivos das águas por aqui, bem como os prejuízos bilionários em uma região já empobrecida em comparação com o resto.
A queixa pode soar minúscula, pois colocando em perspectiva o que aconteceu nas regiões dos vales e metropolitana, realmente os impactos na Zona Sul, até aqui, são bem menores. Mas a região sofre já com prejuízos na casa do bilhão no agronegócio, com bairros inteiros, como o Laranjal, Z-3 e Pontal da Barra, em Pelotas, submersos, além do Centro Histórico de Rio Grande, um dos pilares culturais e históricos do Rio Grande do Sul. São Lourenço do Sul e São José do Norte, menores em tamanho, encontram também dificuldades para lidar com tudo isso e perderam suas zonas turísticas, responsáveis por parte significativa de suas economias. Sem contar as colônias de pescadores nas quatro cidades.
Não que a visita de um político cause um impacto significativo, mas ajuda também na autoestima da região. O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), por exemplo, já veio duas vezes ao Estado e sequer cogitou, até onde se sabe, passar pela metade Sul. O mesmo dá para se falar sobre o governador, Eduardo Leite (PSDB), cria de Pelotas e que até o momento não indicou uma vinda para sua região. Secretários, ministros, senadores, deputados que não são daqui, também, nem deram sinal.
O caso mais emblemático, para nós do DP, é do secretário extraordinário da Reconstrução, Paulo Pimenta (PT), que ocupa status de ministro na pasta e não aceitou as propostas de entrevista nas últimas semanas. Houve até irritação de um assessor com a insistência. Considerando a agenda corrida, a reportagem enviou os questionamentos sobre a região, envolvendo economia, infraestrutura, auxílios, agronegócio, pescadores e tudo mais. O último indicativo é que estão elaborando, mas os questionamentos foram enviados no domingo e o indicativo de recebimento só veio ntem. A impressão é que a equipe do petista não vê a menor necessidade em prestar contas sobre a atuação para a população da Zona Sul.
Neste momento, a região se destaca pela forma como vem lidando com as situações graças aos gestores municipais e suas atuações responsáveis. Por sorte. Se dependesse dos outros níveis de poder, é difícil imaginar como ficaria.
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