Opinião

A baleia, o bagre e a tainha

Por Sergio Cruz Lima
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Florianópolis continua linda, progressista e super bem administrada. Aliás, a nossa prefeita e sua equipe de trabalho precisaria visitá-la para ver como se administra uma cidade. Uma cidade limpa, sem buracos nas ruas, com calçadas nas quais se possa tranquilamente transitar. Pelotas está suja. Abandonada. Jogada às traças, ao lixo e aos ratos. Lamentável! Na praia em Jurerê - manhã lindíssima, água azul, sol brilhante no espaço - conversei um tempão com um professor de história, recentemente aposentado da Universidade Federal de Santa Catarina. Conversa vai, conversa vem, ele me relatou a seguinte história sobre a pesca predatória na região em épocas pretéritas:

"Sem as baleias, morreram as armações, o azeite, muitos postos de trabalho.

Depois chegou a vez do bagre.

Para o jornal 'Novidades', editado em Itajaí, em setembro de 1908, 'a pesca do bagre está prestes a acabar'.

Quem garante o fato é a estatística. Nos dois últimos anos, o bagre sumiu em 45%. De 18 toneladas, para dez. E, em mil réis, de 720 para 400 réis.

Peixe de corso, ou peixe imigrante, a pobre criatura da natureza morre porque deve garantir a sobrevivência da espécie.

Caminhando pelos mares da vida, mamãe-bagre sobe o rio Itajaí para encontrar um berço menos salgado para a filharada. E enquanto canta doces canções de ninar, um exército de pescadores, na intenção de salvar seus filhos da fome, atira-se para matar.

A família do pescador e outros comilões acabam comendo a família do bagre, mamãe, os filhotes, as ovas.

Uma prática criminosa, jura o 'Novidades'.

O Código de Posturas proíbe a pesca onde, quando e como está sendo praticada.

O bagre e o bagreiro de Itajaí já se foram.

A tainha ovada continua a ser o prato cinco estrelas nos festivais gastronômicos do inverno, em todo o litoral de Santa Catarina, 200 anos depois da baleia e 90 depois do bagre.

Até quando?", indaga o indignado colega da UFSC.


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