Lênin Landgraf

A barbárie fascista

Por Lênin Landgraf
Mestre em História
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Vimos nos últimos anos uma crescente exponencial do debate acerca do movimento fascista e o próprio crescimento de tal movimento ao redor do globo. Embora pareça óbvio para muitos, os mais desatentos ou esquecidos das aulas de história na escola podem não lembrar exatamente a definição de fascismo e todas as suas consequências para o planeta ao longo do século 20. Mesmo o fascismo tenha diversas vertentes e as mais deploráveis aplicações ao longo da história da humanidade, podemos encontrar características chave que são comuns e nos ajudam a definir o que é a nefasta ideologia fascista.

Podemos definir o movimento fascista, genericamente, como um pensamento político ultranacionalista, autoritário, sendo caracterizado pelo poder ditatorial, repressão através da força de grupos políticos diferentes e forte intervenção em toda sociedade e economia. É importante que se frise que o fascismo é de extrema-direita e rechaça qualquer pensamento que não seja o próprio, inclusive teorias da própria direita. Em um regime assim ou se é fascista ou se é inimigo, não há meio termo.

Essa aberração política surgiu ainda no início do século 20 como um grupo paramilitar, no contexto da I Grande Guerra Mundial, tendo se fortalecido primeiramente na Itália, onde mais tarde tornou-se movimento e partido político. O país europeu foi comandado pelo fascismo de 1922 a 1943, onde seu líder, Benito Mussolini, pode implementar diversas de suas ideias: culto à personalidade, crença em um destino glorioso, obediência cega, nacionalismo extremamente exagerado, desprezo total pela democracia, criação de falsos inimigos internos e externos, mobilização de massas, etc. Aliás, foi dessa maneira que Mussolini chegou ao poder, com o uso da força. Em 1922, na chamada "Marcha sobre Roma", os fascistas movimentaram uma massa de cerca de 40 mil pessoas de todos os cantos do país para obrigar o então rei italiano Vítor Emanuel III a nomear Mussolini como Primeiro-Ministro. Acuado, o rei tomou tal atitude.

Se analisarmos cuidadosamente, podemos ver diversas semelhanças do movimento italiano com o existente no Brasil, pelo menos desde 2018, e principalmente com a barbárie que acometeu nossa capital federal no último domingo. É óbvio que uma rasa comparação não é suficiente para chamarmos o movimento brasileiro por inteiro como fascista, tal ato depende de uma análise aprofundada por parte dos historiadores, sociólogos e demais cientistas da área.

É certo, no entanto, que os terroristas que marcharam raivosamente em Brasília pretendiam derrubar o governo - pelo simples fato de não concordarem ideologicamente -, destruir o Estado Democrático de Direito e forçar alguém - quem!? - a nomear o ex-presidente Bolsonaro como líder da Nação. Tais atitudes, com o devido cuidado proporcional que citei anteriormente, lembram em muito o movimento fascista que assolou a Itália durante 21 anos. É bom lembrar, aliás, que tal governo entregou uma Itália destruída economicamente, socialmente e estruturalmente após a II Guerra Mundial.

Definições à parte, é necessário, mais do que nunca, que toda sociedade civil cobre das instituições as devidas punições legais para os terroristas golpistas que assaltaram nossa capital federal, constrangendo nosso País diante de todo o mundo e promovendo destruição e desordem jamais vistas por aqui. Ressalto, ainda, que mesmo com tais ataques, a democracia venceu e seguirá vencendo. Democracia, sempre!

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