Marcelo Oxley
À Beneficência Portuguesa de Pelotas
Marcelo Oxley
Jornalista e empresário
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Muitas poderiam ser as situações para que parabenizássemos os profissionais da saúde. Porém, o trabalho desses incansáveis ficou mais evidente na pandemia. Não há expressão que seja mencionada pelo que fizeram e vidas que salvaram. Os hospitais de todo o País deram o seu melhor, realizaram o possível e o impossível. Resultado: salvaram milhões de vidas, e ainda salvam.
Recentemente perdi uma pessoa muito querida da minha família, meu pai. Travamos uma batalha gigantesca contra o câncer, mas infelizmente saímos derrotados. Todavia, tivemos um conforto impressionante na Beneficência e assim lhe demos uma sobrevida um pouco maior, com cuidados paliativos e extremamente profissionais. Meu pai, incontestavelmente, estava em ótimas mãos.
O hospital passou a ser uma de minhas rotinas. Confesso que sempre tive medo e jamais escondi. Segui os caminhos dele. Era mais fácil ir a pé até Porto Alegre do que encaminhá-lo a um médico. Vou repensar, mudar…
Todos os dias que ia visitá-lo deixava o carro em frente à capela em reformas. Colocava a minha máscara e, no trajeto, ficava pensando o que poderia esperar já nos próximos passos. Os porteiros, devidamente uniformizados e capacitados, me recebiam com um bom dia acalentador. Pelos corredores, os profissionais que exerciam a limpeza do prédio não eram diferentes. Mesmo em meio às máscaras de proteção, seus olhos não deixam escapar um sorriso confortante e uma palavra de carinho. Ao me aproximar do quarto do pai, um mix de sensações e dúvidas: "como ele está? Como deve ter passado a noite? O que médicos e enfermeiros têm a me dizer?". Tudo, absolutamente tudo, era exposto de forma verdadeira, sem rodeios e com um linguajar calmo que beirava uma poesia. Os termos mais específicos da medicina eram substituídos por colocações corriqueiras, para leigos, com todo conteúdo necessário, como num passe de mágica.
Os dias foram se passando e o estado de saúde do meu pai fez com que minha presença por ali aumentasse. Entre um banho e outro, eu muito receoso pela intimidade que criamos durante nossas vidas, preferia ficar no lado de fora. Conversava com as auxiliares de enfermagem, sempre dispostas em cooperar, e com as meninas da limpeza, constantemente duvidosas quanto ao seu trabalho; se elas soubessem o quão cheiroso deixavam o quarto e os corredores, não teriam tal dúvida. Parecia que estávamos num hotel.
Não saía de lá enquanto não falasse com o médico responsável por ele. O doutor me tratava, e era recíproco, como um amigo, um conhecido. Nosso bate-papo pela saúde do pai fluía por alguns minutos na maior cordialidade possível, a mesma que sempre obtive com o médico que o cuidou por todo esse tempo, pouco mais de um ano. Quando quisesse entender sobre um ou outro medicamento, não hesitava e era correspondido por toda a equipe de enfermagem e auxiliares que fazem um trabalho impressionante, humano (como não poderia de ser), atento e rápido. O que menos percebia era um descanso desses profissionais, pois a quantidade de pacientes que precisam de seus cuidados é assustador. Parabéns!
Tenho toda a convicção que essas palavras utilizadas até aqui facilmente se enquadram pela Santa Casa, Hospital Escola, Pronto-Socorro, UPA, UBSs, clínicas, enfim… Vocês lidam com vidas e não há trabalho mais delicado. Profissionais da saúde são super-heróis com jalecos e uniformes. Hoje não precisamos de uma nova pandemia para entender.
Deixo um breve parágrafo para você que queira ser um profissional da saúde, seja qual for: se você não tiver como primeiro plano de carreira o cuidado com o próximo, nem comece a estudar. Observe o que esses "leões" fazem para o bem de uma pessoa enferma, não há dinheiro que pague.
Beneficência Portuguesa de Pelotas: obrigado por tudo, por dar ao meu pai mais alguns dias de vida. Serei eternamente grato. Vocês foram (são) guerreiros, assim como ele.
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