Rafael Amaral
A Pelotas dos invisíveis
Rafael Amaral
Vereador em Pelotas pelo Progressistas
Todos nós ficamos chocados quando nos deparamos com imagens de crianças vivendo em situação de extrema vulnerabilidade nos países africanos. No entanto, a realidade é que não é necessário caminhar mais do que algumas centenas de passos da região central do nosso Município para evidenciar uma triste realidade que tentam esconder a todo custo: Pelotas não é pobre, Pelotas é miserável!
Fica evidenciado um fenômeno que a psiquiatria definiria como esquizofrenia. Onde a miséria dos países africanos emociona, comove, machuca e choca, mas a miséria distante poucas quadras da gente é invisível para a maioria dos olhos. É disso que tratamos aqui, a existência de duas cidades completamente antagônicas: a Pelotas das propagandas e a Pelotas dos invisíveis.
A Pelotas das propagandas exalta prosperidade, avanços e metas alcançadas. Já a Pelotas dos invisíveis falha em oferecer o que há de mais básico para a dignidade humana. São milhares de pelotenses sem um teto digno sobre a cabeça, sem comida na mesa e sem água potável na torneira. São milhares de invisíveis sem saneamento, sem saúde educação. São os esquecidos, os negligenciados pelo poder público, que sobrevivem sem o mínimo de condições humanas.
O sociólogo reformador francês padre Luis Joseph Lebret, que foi tão ligado ao Brasil e aqui trabalhou liderando o movimento "Economia e Humanismo", chamava a atenção com uma de suas frases: "o maior mal do mundo não é a pobreza dos desafortunados, mas a inconsciência dos privilegiados".
É evidente que essas pessoas não desejam muito, elas só querem ser enxergadas! É preciso que o poder público volte suas atenções para essa sofrida população. É fundamental que as forças políticas da nossa cidade enxerguem essas pessoas e enfrentem essa dolorosa situação. É urgente o planejamento e a execução de políticas públicas que reduzam o oceano de desigualdade social aqui existente. Pois, enquanto houver pessoas catando comida no lixo, sem teto, e crianças que vão dormir à noite sem educação e comida no prato, qualquer discurso de prosperidade em Pelotas é mera propaganda enganosa.
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