Nery Porto Fabres
A política brasileira
Nas camadas inferiores da sociedade, a razão, a sensatez, a ética e a moral não encontram espaço para criarem raízes. A necessidade de sobrevivência aniquila quaisquer possibilidades de regras permanentes, de conceitos perenes.
Na periferia, quem luta pela vida, cultiva a relatividade sobre todos os valores. Democracia é relativa, leis são relativas, amor é relativo, lealdade e confiança são relativas. Cada conceito elaborado pela sociedade organizada se desorganiza em meio à fome, à falta de assistência jurídica e médica, ao caminhar dentro do abandono.
Lutar para viver neste ambiente insalubre, sabendo que a vida é um bem indisponível, produziu um sentimento de indiferença ao próximo. O medo foi substituído pela crueldade a qual o povo foi moldado. Por isso as religiões ocuparam as lacunas em que o Estado se mostrou omisso.
Neste cenário em que o homem mostra a fragilidade mental se organizaram os partidos políticos para fazerem de cada indivíduo uma ferramenta de produção de votos.
Não por acaso surgiram as grandes manifestações populares de dentro dos diretórios partidários periféricos para ocuparem as ruas centrais dos grandes centros urbanos.
A grita do povo só se ouve neste momento, porque é observada e controlada pela elite que lucra com esses movimentos calculados e desenhados em jardins das mansões dos burgueses.
Os maltrapilhos são úteis nestas guerras eleitorais, são instrumentos de custos vis. São substituídos a qualquer momento, são sacrificados sem remorso.
A vantagem da separação social para o controle da nobreza é essencial na produção de votos nas urnas, pois cada indivíduo que admite sua inferioridade perante ao sistema social prefere se aliar a uma frente política que lhe ofereça igualdade, fraternidade e liberdade.
O problema é que todas as siglas partidárias lhe prometem esses pilares do Estado Democrático de Direito. Porém, nenhuma delas, de fato, tem interesse em alcançar a liberdade, a igualdade e a fraternidade.
Porque a promessa de alcançar ao povo o que o povo necessita é que traz os votos para quem sempre manterá o povo prisioneiro desta promissão.
Uma luta verdadeira contra a falta de distribuição de renda, contra a discriminação racial, a agressão ao Meio Ambiente ou quaisquer movimentos sociais que vislumbrem qualidade de vida ao povo, teria uma iminente intervenção judicial para que todos os gastos com a política corporativista fossem cessados.
No entanto, o que corre é o oposto, a Suprema Corte intervém para elevar o gasto público para que os partidos políticos possam a usufruir de todas as regalias bancadas com o dinheiro do povo.
Portanto, não há dúvidas que a política é um teatro. Está evidente que um povo alimentado, saudável, fraterno, igual e livre não votaria em promessas. Somente se consegue vender idealismo para os fracos e oprimidos.
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