Editorial

A questão pedágio

Os valores dos pedágios do Polo Pelotas são há bastante tempo tema de debate, discussão, gritaria e tudo mais. Frutos de um contrato inacreditavelmente ruim e irresponsável, os reajustes tornaram o trecho o mais caro do País - embora a concessionária discorde do título, apontando um cálculo por tamanho de concessão X quilômetro rodado. Ontem, mais uma vez, grupos locais realizaram um protesto contra a última, que começou a valer na segunda-feira. Em paralelo, a Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) foi mais uma a tentar por via judicial uma solução, algo já feito por um advogado, bem como um grupo de lideranças políticas. O governo do Estado engajou também na situação, tentando reverter. Mas, até o momento, o que sobrou foi fazer barulho.

A concessão do Polo Pelotas deverá entrar para os anais das privatizações como um dos contratos mais mal feitos de todos os tempos. Na última semana, o jornalista José Ricardo Castro apresentou um cálculo na sua coluna Espeto Corrido mostrando que os aumentos foram acima dos índices da inflação e salário mínimo, por exemplo. A Ecosul, como qualquer um faria, aproveita isso, óbvio. A ela foi dada a oportunidade de ganhar cada vez mais a cada ano. Alguns milhões em um final de semana de feriadão, por exemplo. Soa até inocente os pedidos à empresa para apenas travar o reajuste, por caridade ou benevolência, talvez. Que outra companhia abriria mão de tamanha receita só porque sim?

A empresa, também obviamente, pediu judicialmente para a rodovia não ser trancada. O protesto de ontem serviu apenas para, mais uma vez, a sociedade fazer barulho contra a questão. É o que vai acontecer até 2026, quando esse contrato acaba e um novo deverá ser elaborado. Até lá, muito vai se falar, muito vai se pedir mas, mesmo que se consiga algo surpreendente na Justiça, as medidas tendem a ser paliativas. E serão 28 anos de uma concessão em moldes absurdos, feita em 1998, e que desde então afeta diretamente o desenvolvimento de toda uma região.

À sociedade cabe agora principalmente ficar de olho para que em 2026 venha um contrato bem amarrado e justo, talvez com a mesma Ecosul, caso a empresa resolva concorrer novamente pelo trecho. Além disso, resta lamentar e torcer para alguma decisão surpreendente nos próximos dias.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Impactos da nova lista de doenças ocupacionais

Próximo

Saco de cimento, asfalto e cesta básica

Deixe seu comentário