Marcelo Dutra da Silva

A sustentabilidade no centro das novas oportunidades para a região

A riqueza de um país já pode ser medida pelos bens e serviços prestados pela natureza e chegará o dia em que as maiores economias do mundo serão conhecidas pelo potencial de produzir e comercializar de forma sustentável, tirando o máximo proveito possível dos ativos ambientais disponíveis. Portanto, ricos serão aqueles que aprenderam a valorizar o que a natureza oferece, sem comprometer os serviços ecossistêmicos e a manutenção do capital natural.

Somente uma economia baseada na conservação da natureza poderá garantir o exercício real das práticas econômicas, com distribuição de renda e qualidade de vida. Um novo modelo de economia voltado para o desenvolvimento, que valoriza a eficiência, a consciência e a responsabilidade. Um contraponto ao paradigma vigente, de dar valor aos bens naturais somente se desdobrados na forma de capital construído, sem levar em consideração que a Terra é única e os recursos finitos.

E não é preciso esperar que a humanidade inteira mude a forma de pensar e que o País inteiro acorde para as promessas de um futuro próspero. Podemos agir agora e projetar para a nossa região um modelo próprio de desenvolvimento, baseado nas nossas riquezas e potencialidades naturais. Os motores que irão propulsionar o nosso desenvolvimento estão bem aqui e não precisamos esperar por algo trazido de fora. O que nos falta é uma percepção mais apurada nas decisões, o que talvez explique por que subjugamos tanto as nossas potencialidades, normalmente colocadas em segundo plano.

Estamos numa posição logística estratégica, na fronteira para o mundo, via porto do Rio Grande, que nos conecta com mais de 90 países. Possuímos a maior laguna costeira da América do Sul, com aproximadamente 260 quilômetros de comprimento, que por conexão hídrica interliga os municípios de Estrela, no norte do Estado, a La Charqueada, no Uruguai. Trajeto que associada ao percurso sobre trilhos forma o corredor multimodal Brasil-Uruguai, entre Montevidéu e São Paulo, com mais de dois mil quilômetros de extensão.

A nossa região é privilegiada pelo vento, entre as melhores do mundo para produzir energia. O nosso potencial de geração eólica é superior a 500 W/m² (fluxo médio de 7,5 m/s, a 50 m de altura). Apenas 13% da superfície terrestre apresenta vento na velocidade média igual ou superior a esta marca, segundo a Organização Mundial de Meteorologia (WMO). Lembro de já ter destacado isso quando os projetos de energia limpa ainda eram tímidos, mas finalmente acordamos para isso. A eólica avançou, a solar vem ganhando espaço e o governo trabalha para trazer o hidrogênio verde.

Ingressamos em uma espiral de mudanças, que deverá nos trazer bons resultados ali adiante. Apesar da manifesta desconfiança dos setores mais tradicionais da economia, o agronegócio, por exemplo, vem sinalizando ajustes significativos nas práticas de produção. Evidentemente, ainda é preciso mudar muitos aspectos, mas é um bom sinal ver que há mobilização neste sentido. Diferente da construção civil, que insiste em negligenciar recomendações que levem em consideração as mudanças climáticas e o impacto urbano do espaço construído sobre a qualidade de vida das pessoas.
Portanto, uma caminhada longa, na qual vamos precisar trabalhar muito para convencer e conquistar o apoio necessário e manter o foco na direção de uma nova economia, mais segura, justa e rentável, de produção com características de sustentabilidade. Este é o futuro!

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Um gigante no caminho

Próximo

Quem é Pelotas na fila do pão?

Deixe seu comentário