Editorial

A vida não é Bra-Pel

O ser humano nasce, escolhe um time, cresce, defende-o ferrenhamente, e morre. Esse é o ciclo natural das coisas. Mas no que tange o futebol. A defesa cega das questões envolvendo a paixão clubística é talvez a última aceitável. Aquela em que se escolhe um lado e abraça tudo o que o envolve sem aceitar qualquer questionamento. Qualquer outra posição assim tende a ser patética em algum momento.

Claro, neste momento, alguém já deve ter lido o parágrafo acima e pensado: "hmmm, isentões", um termo que se convencionou usar a quem não se atira rapidamente para uma trincheira em qualquer situação que a vida exponha. Ora, diante do cenário que a gente vive, não prestar atenção nas nuances que o mundo apresenta a cada segundo e fazer uma reflexão a partir disso é, no mínimo, contrainteligente.

Atenuada um pouco da guerra entre Bolsonarismo e Lulismo, agora, especialmente na internet, esse grande tribunal, a polarização pró-Rússia ou Ucrânia rapidamente foi deixada de lado para fincar pé a favor de Hamas (ou Palestina, em alguns casos) e Israel. Poucos desses param a refletir que há erros de ambos os lados. E, de fato, há. Terrorismo é inaceitável em qualquer nível, grau, circinstância, motivação, enfim. Não há como defender o Hamas. Por outro lado, a resposta de Israel, embora esperada, acaba sendo desmedida em um momento que afeta mais civis do que os terroristas, pelo que trazem os relatos de quem acompanha os desdobramentos de perto. Embora a raiva seja natural, não pode se aceitar que um estado democrático haja de maneira impulsiva.

Estranha-se, inclusive, que tantos outros países estejam embarcando cegamente na jornada israelense. De novo, há que se lidar com terrorismo sem meias palavras e buscando sempre a erradicação dessa praga, mas com estratégia e, principalmente, de uma maneira que não acabe se igualando à barbárie cometida pelos criminosos. Um princípio similar a tantas outras lutas travadas por poderes públicos.

A quem toma posições ferrenhas sem refletir, talvez seja o momento de parar e repensar que toda crítica pode ser construtiva. Ou talvez apenas encerrar essa leitura mantendo a posição de "hmmm, isentão", ou dizendo que o Jornal é enviesado para esquerda, direita, para cima, para baixo, enfim…


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