Alerta para os cânceres infantojuvenis
Liane Daudt
Hematologista
Rebeca Ferreira Marques
Oncologista pediátrica
Trabalhar com oncologia e hematologia pediátrica é especialmente desafiador e gratificante ao mesmo tempo.
Confirmar um diagnóstico de câncer naqueles que têm uma vida inteira pela frente é difícil. É um momento para o qual nenhuma faculdade de Medicina nos prepara - cabe lembrar que, antes de médicos, somos pessoas, temos família e filhos e, portanto, nos sensibilizamos com a dor de quem está do outro lado recebendo uma notícia dessas.
Acontece que o número de vezes que precisamos vivenciar situações como essas é alto. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), em 2020, a estimativa de novos casos era de 8.460 - e a quantidade de mortes era de 2.289. Para o triênio 2023/2025, a expectativa da entidade é que sejam registrados 7.930 novos casos por ano. E aqui vale um adendo importante: tanto no sexo feminino como no masculino, a Região Sul é a que terá maior frequência de tumores. Em meninos, o índice chega a 153,29 por milhão. Para meninas, a marca é de 151,19 por milhão.
Ao contrário do câncer em adultos, a doença em crianças de zero a 19 anos ainda carece de um maior entendimento da ciência, uma vez que os fatores ambientais parecem não ter tanto impacto no desenvolvimento da neoplasia pediátrica. Sabemos que cerca de 10% desses pacientes têm anormalidades genéticas ou hereditárias e, portanto, falar em prevenção não faz tanto sentido.
É por isso que a observação de alguns sintomas é crucial para termos desfechos positivos. O próprio Inca calcula que 80% das crianças e adolescentes acometidos pela doença podem ser curados se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados.
Sinais como palidez, hematomas ou sangramento, dor óssea, caroços ou inchaços, perda de peso inexplicada, tosse persistente, alterações nos olhos e dores de cabeça persistentes são alguns dos indícios de alerta e que exigem um encaminhamento rápido a médicos especialistas.
O caminho é desafiador, mas a cura é uma realidade. E para nós, acompanhar o processo e chegar ao final do tratamento, junto de nossos pequenos e seus familiares, comemorando a vida, é a maior felicidade.
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