Editorial

Ampla publicidade e exposição

"Há um fator que acredito ser o mais importante para prevenir outro 6 de janeiro: responsabilização dos envolvidos." Foi usando essa frase que o presidente do comitê criado pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos – equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil – para investigar a invasão ao Capitólio ocorrida em 2021 resumiu o que considera essencial para que a democracia norte-americana não passe novamente por outro ataque criminoso como aquele. Ontem, esse grupo de trabalho pediu o indiciamento do ex-presidente Donald Trump por considerar que o republicano foi o responsável por articular um esquema visando anular o resultado da mais recente disputa presidencial e, com isso, impedir a posse do eleito, Joe Biden.

Foram atribuídos ao ex-ocupante da Casa Branca quatro crimes relacionados à tentativa de invalidar a eleição: obstrução de procedimento oficial, conspiração para fraudar os Estados Unidos, conspiração para fazer declaração falsa e incitação, assistência ou ajuda a insurreição.

Para chegar a esta conclusão, o comitê trabalhou durante um ano e meio analisando documentos, obtendo depoimentos e checando outros elementos relacionados ao episódio protagonizado por fanáticos trumpistas – incitados pelo presidente derrotado – que invadiram e depredaram o Congresso em uma tentativa de impedir que o resultado das urnas fosse confirmado e oficializado. Detalhe: todo esse trabalho dos deputados se deu com ampla e irrestrita cobertura da imprensa dos Estados Unidos, também com transmissões ao vivo das reuniões e depoimentos nas principais emissoras de TV, com grande audiência. Inclusive ontem, quando se deu a conclusão e o pedido de indiciamento.

Exaltados por sua democracia, os Estados Unidos tiveram este patrimônio duramente atacado em 2021, com vexatória exposição mundial de movimentos golpistas encabeçados pelo líder máximo do país. O que tornou-se uma espécie de exemplo para outros lugares do mundo onde líderes com tendências igualmente personalistas entenderam também poder conspirar contra as eleições e a democracia.

Contudo, os norte-americanos demonstram que enfrentar o problema com firmeza, expondo e responsabilizando criminosos, sobretudo dando toda publicidade possível a isso, é a melhor forma de curar a ferida e evitar novos traumas. Que isso também venha a servir de inspiração onde o golpismo segue em alta.​

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