Editorial
Angústia e cuidados
A crise ambiental que vive o Rio Grande do Sul se tornou paralelamente em uma crise de saúde, física e mental. Os casos de leptospirose cresceram bastante, conforme mostrou o DP na edição de final de semana, com pelo menos quatro óbitos confirmados, outros em investigação, e pelo menos 800 contaminações suspeitas. Na edição de hoje, o Jornal aborda ainda os impactos mentais que uma tragédia desta magnitude causa nas comunidades.
É muita coisa para lidar neste momento, mas a saúde tem que ser a prioridade, sempre. Felizmente, o voluntariado não deixou a desejar nisso, e muitos profissionais e empresas vêm oferecendo apoio em teleconsultas para os atingidos. Ainda assim, é um longo caminho a ser percorrido. Muita gente sequer tem dimensão de tudo o que perdeu. Fora os traumas gerados por toda essa pressão que estão vivendo durante este período.
São incontáveis os problemas a pequeno, médio, longo e longuíssimo prazo que toda essa situação está trazendo. Atualmente, a preocupação ainda está muito voltada a lidar, compreender e a prevenir novas tragédias. Pelotas, por exemplo, vive em constante tensão há praticamente três semanas, com áreas em risco de alagamento e pessoas na dúvida se vão, se ficam, se estão seguras ou se irão ter que deixar tudo para trás, no caso dos que ainda não saíram. Outras tantas, estão vivendo em abrigos ou de favor, longe do aconchego do lar, que na maioria dos casos levaram uma vida inteira para serem construídos e, do dia para noite, se perderam.
A luta por dignidade para essas pessoas é longa. Os auxílios oferecidos são obviamente bem-vindos neste momento, mas são claramente insuficientes para reconstruir uma casa ou para estabelecer o mínimo de conforto novamente. Os programas e parcerias para essa reconstrução precisam focar em tentar devolver, a quem perdeu tudo, o máximo possível de conforto e normalidade. A água levou estruturas que foram construídas a muito suor, destruiu memórias afetivas que vão daquele item especial a um álbum de fotografias, e isso dinheiro algum recupera.
A questão do cuidado com as pessoas vai ir muito além de apenas realocá-las. O trabalho está longe de ser curto. E essa enchente, por mais que passe, vai gerar impactos por décadas a vir em muitas estruturas familiares. Por isso, o Poder Público precisa estar preparado e com estratégias de acolhimento muito bem montadas para ajudar tanta gente que sofre.
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