Opinião

Caminhos do desenvolvimento

Por Ezequiel Megiato
Doutor em Economia

O que faz um país ou uma cidade crescer e se desenvolver? Ainda hoje, é comum ouvir alguém dizer, ou talvez muitos ainda pensem, que um país desenvolvido é aquele que possui muitas indústrias, e só isso. Volta e meia a gente ouve alguém lembrando a situação especial de Pelotas, das indústrias que tivemos aqui até por volta dos anos 1980, ou mesmo das fábricas da zona rural, correlacionado aquele período a um tempo de riqueza, afinal Pelotas era a segunda maior economia do Estado, isto é, não se distinguia tamanho ou crescimento do PIB com o desenvolvimento.
Na ciência econômica, esse pensamento perdurou unânime até por volta dos anos 1950. Até esse período, um país era considerado rico e desenvolvido quanto maior fosse o seu PIB e isso só poderia vir do acúmulo de riquezas advindas do comércio internacional, de uma eventual dominação ou mesmo de um fator tecnológico, sem explicar como isso surgiria. Esse ciclo ou pensamento, de alguma forma, tornava o subdesenvolvimento quase que uma sentença eterna.
Contudo, em algum momento dos anos 1950, alguns pesquisadores americanos começaram a discutir mais sobre a tecnologia, já que ela era uma das responsáveis, até então, pelo crescimento econômico de alguns países. E foi em uma disciplina de Economia da Educação que formulou-se a ideia do capital humano como propulsor não só do desenvolvimento de novas tecnologias, mas capaz de influenciar toda a dinâmica econômica, levando-a ao desenvolvimento, que não é só econômico, mas humano, social e ambiental, motivo pelo qual, ainda hoje, o indicador de desenvolvimento é distinto do crescimento econômico apenas.
Voltando à pergunta inicial, como crescer e desenvolver e, ainda, uma região deprimida não estaria condenada eternamente ao subdesenvolvimento? Não é o que diz a teoria, e, ainda bem, a prática. É evidente, contudo, que o caminho do desenvolvimento não é curto e jamais deveria ser uma política de governo, apenas, mas de Estado. Como vivemos em uma economia razoavelmente centrada no Estado, cabe a ele, e também à população, compreender a dinâmica de que investimentos em saúde, tratamento de esgoto e água, e em especial na educação em qualquer que seja o nível, em médio e longo prazo, resultará no desenvolvimento daquela região.
É realmente uma dinâmica de investimento, em que a própria iniciativa privada deve participar, uma vez que é dado que as melhores condições de vida e o conhecimento proporcionam aos indivíduos a melhoria de suas competências, habilidades e produtividade, impactando, assim, toda a economia. É uma nova economia, que vai desenvolver-se nos próximos anos, mas que precisa ser planejada e organizada hoje.

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