Opinião
Capitalismo selvagem - parte 2
Por Eduardo Caputo
Pesquisador associado - Universidade Brown, EUA
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O esporte, de alguma forma, está sempre presente nas nossas vidas, mesmo que somente na televisão. Mesmo que você não goste muito, ele está lá. Desde a infância somos inseridos em um mundo de brincadeiras onde se deve chutar ou atirar uma bola, correr, saltar, etc. E essas atividades vão aumentando, conforme vamos evoluindo na escola. Aqueles que têm acesso, conseguem seguir praticando nos momentos extraclasse, mesmo que seja sem aspirações profissionais futuras. Os que as têm, acabam por percorrer um caminho duro, e muitas vezes com vários percalços, até conseguir atingir voos maiores.
A iniquidade, que acompanhamos a cada quatro anos nos Jogos Olímpicos, onde grandes potências passeiam nas pistas, piscinas e quadras, e nossos atletas lutam bravamente por uma medalha, não tem perspectiva de mudança. E o motivo é simples: dinheiro. Diferentemente do Brasil, onde o esporte é visto como ferramenta social, nas grandes potências olímpicas, o esporte é um negócio. E toda a estrutura é montada e desenhada para a manutenção desse negócio. E que gera bons resultados tanto dentro, quanto fora das pistas, piscinas e quadras.
Eu ainda não tive a oportunidade de acompanhar, ao vivo, um jogo da NBA (liga americana de basquete), de beisebol ou futebol americano - aquele da bola oval, onde os caras mais correm do que chutam a bola, sabe?! E, preciso confessar, que fica menos atraente ir a um estádio assistir os dois últimos, tendo em vista que eu entendo absolutamente nada das regras. Entretanto, já tive a oportunidade de assistir jogos, das equipes da universidade onde trabalho, de vôlei, hóquei, lacrosse e basquete. Se você não sabe o que é lacrosse, sugiro fortemente que procure na internet. Não vou emitir opinião, para não influenciar os leitores dessa coluna.
De qualquer forma, foram nessas experiências que eu observei que sim, o esporte é um negócio por aqui. Um dos primeiros eventos esportivos da universidade que fui, foi um jogo de basquete. Comprei um ingresso, pela bagatela de dez dólares, e fui ao ginásio acompanhar os Ursos da Brown. Se você já acompanhou um jogo de basquete da liga americana, sabe que existe todo um protocolo. Hino nacional, apresentação dos jogadores e arbitragem, antes do jogo iniciar. Os atletas se cumprimentam de forma estilosa, o locutor enfatiza o time da casa, etc. E, sim, na liga universitária não é diferente. Fotos dos jogadores no telão, apresentação do quinteto principal, e emoção do locutor a cada cesta convertida pelo time da casa. Toda uma estrutura montada, igual a liga principal.
Em setembro, precisei assinar um streaming esportivo para acompanhar o US Open, torneio de tênis. Para minha (não) surpresa, adivinhem qual o maior volume de transmissões desse canal?! Sim. Todo e qualquer evento esportivo universitário. Claro, além das ligas mais importantes de basquete, futebol, etc. Em 2028, os Jogos Olímpicos retornam à Terra do Tio Sam depois de 32 anos. A última vez que foi por aqui, foi Atlanta, 1996. Cinco novos esportes estão confirmados para os Jogos de Los Angeles: Críquete, flag football, squash, beisebol/softball e lacrosse. Três desses são muito fortes por aqui. Acaso?! Obviamente que não. Esse investimento massivo, e todo dinheiro que gira em torno do esporte, faz com que os Estados Unidos sejam essa potência olímpica. É o capitalismo em estado puro. O capitalismo selvagem, que mantém os americanos no topo em vários setores, inclusive no esportivo.
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