Opinião

Dia do professor, pouco a comemorar.

João Neutzling Jr
Economista, Bacharel em Direito, Mestre em Educação, Doutorando em Sociologia, Auditor Estadual, Professor e pesquisador
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O professor é o profissional responsável pela formação educacional de todos e por conduzir o aluno pela trilha do processo de ensino/aprendizagem formando e capacitando profissionais.

Ocorre que no dia do professor, 15 de outubro, não há muitos motivos para se comemorar considerando o panorama geral da educação brasileira. Salários defasados, falta de investimento em infraestrutura, currículos desatualizados, entre outros fatores, criam um cenário melancólico no magistério.

Observando-se o ranking nacional na tabela abaixo vê-se que o estado do RS, apesar de ser o quinto maior PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, está em 11º no ranking de remuneração do magistério.

Ranking de salários do magistério - 2023
Estado Salário 40 h (R$)
1° Mato Grosso do Sul 10.318,18
2° Maranhão 6.867,68
3° Roraima: 6.103,14
4° Ceará: 5.413,18
5° Mato Grosso: 5.024,57
6° São Paulo 5.000,00
7° Amazonas: 4.749,22
8° Espírito Santo: 4.579,20
9° Sergipe: 4.451,14
10° Distrito Federal: 4.228,56
11° Rio Grande do Sul: 4.038,52

No Rio Grande do Sul, funcionários de escola e 45 mil professores aposentados ficaram sem reajuste de salário e amargam mais de sete anos sem correção pela inflação.

O reajuste de 9,4% de abril deste ano para o magistério gaúcho não é suficiente para compensar uma defasagem de mais de 50% devida aos salários congelados por mais de sete anos com notório prejuízo aos professores e suas famílias.

Como consequência desta baixa remuneração, o estado do Rio Grande do Sul corre o risco de sofrer um apagão. O Observatório Sesi da Educação prevê uma escassez de professores nos próximos dez anos devido ao aumento na demanda de vagas na rede pública, por causa da crise econômica, e a redução no ingresso de alunos nas licenciaturas que abastecem o ensino fundamental e médio de novos profissionais. A realidade é que a falta de atratividade na carreira, com a redução dos salários dos educadores, após anos de parcelamentos e com reajustes bem abaixo da inflação e a constante retirada de direitos por parte do governo estadual, são fatores que acarretarão um apagão na educação do estado.

A consequência do descaso com a educação repercute no desempenho dos alunos.

O meio mais importante de avaliar a educação é através do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). O desempenho dos alunos é avaliado em ciências, leitura e matemática. E o Brasil fica na 58º posição.

A desvalorização do professor gera uma reação em cadeia negativa na sociedade. Magistério desmotivado não se empenha em melhorar índices de aprovação, pois não recebe incentivos. Outro fato recorrente é o aumento da distorção idade-série que indica a defasagem entre a idade do aluno e a série que ele cursa.

A educação brasileira precisa adequar conteúdos curriculares e metodologia de ensino aos mesmos níveis da prática docente de sucesso de países de primeiro mundo como a Coréia do Sul, entre outros.

Sem uma educação de qualidade e sem a devida valorização do professor continuaremos a ser mais um país de terceiro mundo. Não podemos nunca esquecer a lição do mestre Paulo Freire: "Educação muda as pessoas e pessoas transformam o mundo."

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