Editorial

Eles são o futebol

Não raro eles são maltratados. Colocados em espaços ruins, debaixo de sol ou chuva, em filas desorganizadas e enfrentando a impaciência- e por vezes truculência - de quem deveria prezar pela segurança e conforto. Deles são cobrados preços absurdos por uma camiseta ou um ingresso. Por outro lado, são lembrados e atraídos com promoções e incentivos à participação a cada crise em campo, quando a necessidade do resultado urgente bate à porta e a simples capacidade técnica não dá sinais confiáveis de atingir o objetivo. Aí, apela-se a eles. Estamos falando, claro, dos torcedores.

Apesar disso tudo, embora em quase todos os clubes as mostras dadas sejam de desrespeito a estes personagens, são eles a razão de existência dos times e do próprio esporte. Sem o aficcionado na arquibancada, sem o fã que acompanha pelos jornais, rádio, TV e internet, o futebol não faria sentido. Ainda mais quando estas agremiações estão distantes dos grandes centros econômicos, onde a simples sobrevivência da instituição é uma batalha diária. Caso de Pelotas, por exemplo.

Nos últimos dias, torcedores pelotenses reafirmaram o quanto são fundamentais para seus clubes. Primeiro, com a grande quantidade de apaixonados pelo Pelotas que viajaram cinco horas no final de semana passado até Bento Gonçalves para apoiar o time pela Divisão de Acesso. Embora a equipe áureo-cerúlea estivesse a 370 quilômetros da Boca do Lobo, o ambiente era semelhante ao da cancha na Avenida. Antes disso, já haviam dado suporte nas partidas em casa e contribuído com associações, compra de camisetas e até trabalhos voluntários de melhoria no estádio.

Agora, xavantes repetem o que já fizeram em outras oportunidades e organizam uma "excursão virtual" antes do jogo decisivo do Brasil contra o Patrocinense, em Minas Gerais. Contribuem comprando assentos fictícios de ônibus para que o dinheiro arrecadado auxilie o clube a custear a logística da viagem e a premiação dos atletas. A mesma torcida que já atuou para melhorar a estrutura de campo e estádio e que também percorre milhares de quilômetros para dar suporte onde o rubro-negro jogue.

São dois exemplo locais de amor incontestável dos torcedores por seus clubes. Demonstrações que não deixam dúvidas sobre a essencialidade destes apaixonados para a existência de Pelotas e Brasil. Sem eles, nenhum dos dois existiria.

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