Opinião

Estamos em guerra, queremos paz!

Por Sandro Mesquita
Coordenador da Central Única das Favelas (Cufa) Pelotas e Extremo Sul
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Nos últimos tempos temos sidos bombardeados por uma enxurrada de notícias, informações, fotos e relatos sobre as guerras do mundo. Na própria Bíblia, no evangelho de Mateus 24:6-7 diz: E ouvireis falar em guerras e rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.

Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos em vários lugares.

Se isso é uma profecia? Deixo pra você refletir e avaliar. A verdade é que desde que o mundo é mundo, assim acontece, as disputas por espaços e territórios são marcadas por conflitos, guerrilhas e batalhas muitas vezes sangrentas onde muitas vidas são perdidas.

Quantas histórias conhecemos da humanidade que nos são mostradas na escola, onde o desejo e a vontade do homem é o que prevalece, a sua ganância em alguns momentos e a estupidez quase sempre.

É muito engraçado, se não fosse trágico, ver líderes mundiais e de países em guerra com suas intervenções pedindo paz a outros territórios enquanto as batalhas diárias são travadas em suas nações.

Ao mesmo tempo enquanto falam, famílias inteiras, homens, mulheres, e sobre tudo crianças sendo dizimadas. Cidades em ruínas, casas, prédios históricos, praças e monumentos tudo por terra.

O Brasil trava uma guerra não declarada todos os dias no seu espaço geográfico, nas favelas, nas periferias e nos centros urbanos.

O tráfico e o crime organizado, polícia, as milícias e justiceiros deixam também um rastro de sangue e morte por aqui. O número de jovens negros mortos diariamente, pessoas em geral e crianças vítimas de balas perdidas, mulheres que são mortas por seus companheiros e homossexuais, somados, formam indicadores alarmantes dignos de países em guerra e isso tudo acontecendo de baixo dos nossos olhos.

Não critico quem faz caminhada pela paz mundial, mas muitas pessoas passam por cima desse cenário e tem conhecimento dos fatos citados acima e nada fazem.

Diz uma frase que não sei se é do Mano Brown dos racionais MC's, mas foi dele que ouvi, que diz : "Todo o ser humano é um universo em crise." Dito isso, estamos também constantemente em guerra interior, isso não determina ou define que não podemos pedir a paz mundial, mas no traz para o campo da reflexão sobre o, estar em paz e o não querer guerras e conflitos.

Em alguns momentos somos nós que teremos que tomar as rédeas da situação e fazer o papel de moderador de conflitos ou promotores de uma cultura da paz, às vezes no nosso próprio interior.

Não sei se beira a hipocrisia pedir paz pra uma nação específica, quando em alguns momentos somos promotores de pequenos conflitos e passamos por cima da cultura da paz e da política da boa vizinhança com nossos pares e às vezes até dentro dos nossos lares.

Devido as circunstâncias, as exigências, as pressões externas, as ausências, as carências, a escassez de tantas coisas entramos em crises, conflitamos, explodimos e nosso mundo interior fica em guerra.

Precisamos também de promotores de paz! Se por acaso você não se sinta apto a ser um promotor da paz, não seja um agente da guerra cotidiana dos relacionamentos. Pequenos conflitos vão minando o campo das relações, palavras e comentários maldosos vão ferindo as pessoas e a nós também, situações mal resolvidas geram lixo emocional que machucam, e não podemos usar paracetamol nas dores da alma.

Façamos nossa caminhada diária pela paz interna e nos nossos lares para começar o exercício da paz mundial!

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