Por Roni Quevedo
Médico
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Atualmente estou fumando mais de duas carteiras por dia. São aproximadamente 40 cigarros. Quando fico acordado até bem tarde, fumo um pouco mais.

Alguns cigarros nem sei porque acendi. Outras vezes acendo um cigarro na bituca no outro. Desde o útero, durante a amamentação, quando criança, na adolescência e agora como adulto. Nunca parei. Minha mãe fumou durante toda a gravidez, digo, nós fumamos durante a gravidez da minha mãe. Não sei como consegui nascer. Houve alguns momentos críticos quando eu "tentava" sair - "risco de abortamento...". Nessas ocasiões, por ansiedade, minha mãe fumava mais ainda, digo, nós fumávamos ainda mais!

Jorravam palpites! Desde conversa de cabeleireira às experiências das "comadres" e até mesmo o doutor dizendo que não era o momento adequado para minha mãe parar de fumar - "ela vai ficar muito ansiosa e isso vai fazer mal para o bebê". Está previsto, infelizmente, que se o médico permitir a gente pode fumar no hospital. Com relação à nicotina, tudo é possível…

Quando estava numa idade de amamentação, minha mãe fumava mesmo enquanto eu mamava. A cena era exótica. Eu estava num dos braços dela e o cigarro na mão do outro braço, sempre! Depois mantive o vício acendendo os cigarros dos meus pais. Às vezes até acendia os cigarros das visitas. Aquilo virou uma coisa normal em nossa casa. Todos achavam uma gracinha. Eu tinha só cinco anos.

Naquela época era mais barato fumar cigarros feitos à mão com fumo de rolo. Os cigarros eram enrolados com palha seca de milho. Durante o dia eu fazia os cigarros para meus pais. Enquanto fazia, por vezes, fumava um e outro. Geralmente fumava uns dois palheiros por dia. À noite eu acendia os cigarros de palha para eles fumarem após a janta.

No colégio, quase nenhum dos meus colegas fumavam. Os professores quase todos fumavam, inclusive na sala de aula. E fumavam muito, tanto quanto meus pais. Uns fumavam cigarros industrializados outros fumavam cigarros feitos na hora. Atualmente, no trabalho, eu também fumo. A gente fuma no banheiro, no pátio, fumamos na sala de trabalho, meio escondido. Muito embora ninguém fique controlando. Portanto, eu sempre fumei. Nunca parei.

Se contar o tempo desde a fecundação, eu fumo há 22 anos e nove meses.