Editorial
Fiscalizar e publicizar
Uma das principais tarefas do jornalismo profissional - se não a maior - é atuar como olhos e ouvidos da população, sempre atento ao papel de fiscalizador de Poderes e órgãos públicos. É princípio básico da democracia. Afinal de contas, é através da imprensa que a maioria dos cidadãos têm acesso a informações e notícias de total interesse, como por exemplo como e onde estão sendo aplicados os recursos arrecadados pelos governos.
Neste sentido, a reportagem publicada na edição de ontem do Diário Popular é exemplo típico da importância desse trabalho. Ao trazer em detalhes os gastos da Câmara de Vereadores de Pelotas com diárias a parlamentares e seus assessores, o Jornal presta, acima de tudo, serviço de utilidade pública. Afinal de contas, onde mais, além do DP, o pelotense costuma ver essas informações publicadas? Qual outro veículo dedica seu tempo a debruçar-se, frequentemente, sobre os valores repassados a agentes públicos por conta de suas viagens?
O leitor mais atento dirá que tais gastos, assim como outros e de todos as estruturas públicas, devem, por força de lei, estar disponíveis em um Portal da Transparência. E é fato. Contudo, tais sites não costumam disponibilizar de forma tão simples e acessível tais dados. Em geral, exigem do cidadão certo conhecimento dos caminhos, nomenclaturas, trâmites burocráticos dos órgãos. Ou seja, embora disponibilizem conteúdos, não chegam a ser os facilitadores desejáveis. Além disso, um simples portal, ao contrário de uma reportagem, não explica, tampouco contextualiza, os números. E esta é a tarefa do jornalismo. Sem isso, dificilmente o leitor saberia - ou lembraria - que o uso de R$ 513 mil em oito meses pela Câmara de Pelotas significa quase 3/4 do total gasto em todo o 2022. Ano em que, vale lembrar, o Legislativo pelotense teve consumo recorde, com valor mais alto que a soma dos cinco anos imediatamente anteriores. Ainda: que este mais de meio milhão significa média de R$ 2,2 mil repassados por dia aos parlamentares para ressarci-los por viagens.
Reclamar da divulgação destas informações - públicas, oficiais e as quais todo pelotense tem direito de saber - não faz sentido. Como não fazem sentido também críticas de outros órgãos e Poderes quando reportagens trazem notícias eventualmente desconfortáveis aos gestores. É a imprensa exercendo seu papel. Como o faz constantemente, inclusive, publicizando ações e projetos destes mesmos gestores, parlamentares, servidores. Muitas resultados de viagens, com diárias.
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