Casa de Cultura

Francisco Lobo da Costa: um grande vate nunca morre (parte 2)

Pelotas possui importantes Universidades (Católica e Federal) e um Instituto Federal de Educação (IFSul). Nas bibliotecas das três instituições, encontram-se obras de Lobo da Costa, os professores das áreas de Língua Portuguesa e de Literatura têm razoável conhecimento sobre a obra do autor e, fato auspicioso, a UCPel e a UFPel, através de seus cursos de Letras, em parceria com diversas instituições,já desenvolveram trabalhos de resgate e pesquisa em torno da obra dos escritores pelotenses dos séculos passados, especialmente o 19.

Nos sodalícios meridionais, a memória de Lobo da Costa é francamente cultuada, sendo ele Patrono de quatro cadeiras: a de número 12 da Academia Rio-Grandense de Letras, atualmente sob a titularidade do educador César Alexandre Pereira; a de número 10 da Academia Sul-Brasileira de Letras, presentemente ocupada pela escritora Inalva Nunes Fróes; a de número 2 da Academia Pelotense de Letras, no momento, ocupada pela professora e advogada Nailê Russomano; e a de número 5 da Casa de Cultura de Pelotas, ocupada pela professora e escritora Ângela Treptow Sapper.
Em outras agremiações pelotenses de cunho literário, também Lobo está presente, como na Casa do Poeta, cuja denominação é justamente o nome do vate; como na Confraria Literária Amigos de Lobo da Costa, fundada em 2013 (ano de comemoração dos 160 anos de nascimento de nosso poeta) e que se transformou, em julho de 2016, no Instituto Francisco Lobo da Costa; como na Associação Comunitária do Laranjal que, em abril de 1999, sob a presidência de Abílio Pinheiro, homenageando Lobo, fundou a Biblioteca Lobo da Costa e, nela, mantém vivos os versos do poeta, expondo-os em quadros em suas paredes.
A maior parte das livrarias e sebos de Pelotas possuem à venda alguma obra de ou sobre Lobo da Costa; em algumas, verifica-se a existência de até meia dezena de títulos, o que é bem significativo.

É interessante observar que a vida e obra do escritor continuam sendo fonte de inspiração para novas produções no campo da literatura e das artes cênicas. Assim, em 1986 - dois anos antes do centenário da morte de Lobo - estreou em Pelotas a peça teatral Em nome de Francisco, inspirada em sua vida, de autoria do dramaturgo e professor de teatro Válter Sobreiro Júnior.
Adão Monquelat, livreiro e pesquisador de Pelotas, em coautoria com Geraldo Fonseca, em 1988, no cenário do centenário da morte de Lobo, lançou a Antologia poética e alguma prosa de Lobo da Costa, em que reuniu diversos poemas e crônicas esparsas do autor.

Em 1998, Lobo inspirou a escritura e lançamento de um romance de autoria do escritor pelotense Manoel Soares Magalhães, intitulado O abismo na gaveta, em que são entrelaçadas passagens reais de sua vida com aspectos ficcionais engendrados por Magalhães.

Em 2003, foi, então, concretizada a Confraria Amigos de Lobo da Costa, que se dedicava ao estudo e encenação da obra lobiana, levando gratuitamente as peças teatrais de Lobo em escolas, seminários, congressos, feiras do livro etc. A referida entidade costumava promover anualmente Jornadas Literárias e Seminários. E, a partir desse mesmo ano, o romance Espinhos d'alma e a peça teatral O filho das ondas, ambos de Lobo da Costa, inspiraram o Grupo de Teatro da Confraria Amigos de Lobo da Costa e o Teatro de Letras da UCPel que, juntos, encenaram semestralmente tais obras em Pelotas, Santa Vitória do Palmar, Pinheiro Machado, Canguçu, Morro Redondo e Arroio Grande.

Em 2016, precisamente em 7 de julho, a antiga Confraria tornou-se o Instituto Francisco Lobo da Costa, que tem como objetivo a preservação, valorização e divulgação da memória e da obra de Lobo da Costa, bem como da história e da cultura de Pelotas. Tal entidade possui o seu grupo de Teatro, que adapta e encena obras lobianas, além de oferecer várias atividades culturais à cidade de Pelotas, como um Sarau Literário mensal, no qual presta sua homenagem a Lobo e a todos os escritores contemporâneos pelotenses.

É importante, também, registrar que Lobo da Costa continua tendo sua obra compilada e estudada desde 1888 até a atualidade.

Em 1888, Francisco de Paula Pires reuniu e publicou, num volume intitulado Auras do da Sul, parte da obra do vate pelotense, com o objetivo de construir um monumento funerário para o poeta, tendo conseguido realizar seu intento.

Em 1953, Irmão Elvo Clemente publicou Aspectos da Vida e Obra de Francisco Lobo da Costa, a primeira biobibliografia do poeta, fruto de pesquisas realizadas em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre para mostrar a riqueza de uma pobre vida dedicada inteiramente à Arte e que deixou uma obra inesquecível dentro da literatura romântica do fim do século 19.

Em 1954, Morivalde Calvet Fagundes, ligado à família de Lobo da Costa, publicou um ensaio, Lobo da Costa, Ascensão e Declínio de um Poeta, no qual identificava no poeta e prosador quase duas dezenas de facetas de sua produção literária: lírico, épico, social, abolicionista, democrata, satírico, nacionalista, regionalista, pelotense, descritivo da natureza, bucólico, indianista, folclorista, religioso, maçom, sonetista, prosador e epistolar.

Em 1988, centenário do falecimento de Francisco Lobo da Costa, Alice Therezinha Campos Moreira concluiu seu estudo sobre a fixação de obra poética do grande vate pelotense para sua tese de doutoramento e publicou, em 1991, o volume Obra Poética, Lobo da Costa, uma fixação do texto poético lobiano em edição crítica.
Em 2003, sesquicentenário de nascimento de Lobo da Costa, Ângela Treptow Sapper finalizou sua tese de doutoramento sobre a dramaturgia e ficção em Lobo da Costa: edição crítica de textos, publicando, no mesmo ano, com Jandir Zanotelli, Lobo da Costa, obra completa, a reunião de toda a obra lobiana, tanto em prosa, quanto em poesia até aquela data.

Na sequência, a Academia Sul-Brasileira de Letras, através de seus acadêmicos Ângela Treptow Sapper e Jandir João Zanotelli, organizou e publicou, em 2004, a edição do volume Lobo da Costa, Sesquicentenário de Nascimento 1853 - 2003, correspondendo aos anais do Seminário do Sesquicentenário de Nascimento de Lobo da Costa, que ocorreu nos dias 10, 11 e 12 de julho de 2003, no Auditório Central da Universidade Católica de Pelotas, com expressiva audiência e grande participação dos maiores estudiosos lobianos. A programação apresentou as palestras de Mozart Víctor Russomano, Irmão Elvo Clemente, Jandir João Zanotelli, Ângela Treptow Sapper, Alice Campos Moreira, Válter Sobreiro, Manuel Magalhães e a mesa de debates com Luís Borges, Beatriz Loner, Nélson Nobre e Gilnei Oleiro Corrêa, coordenados por Ivone Leda do Amaral, Lígia Antunes Leivas e Carlos Túlio Medeiros.

Em 2005, o vate pelotense fez parte do projeto Quatro por quatro, ou seja, quatro escritores, Luís Borges, Ângela Treptow Sapper, Gilnei Oleiro Correa e Álvaro Barcellos, apresentaram e analisaram, respectivamente, quatro ícones literários: João Simões Lopes Neto, Francisco Lobo da Costa, Vítor Ramil e Aldyr Schlee. Esse projeto de estudo foi publicado em livro no mesmo ano pela Editora da UFPel.

Ângela Treptow Sapper

Embaixadora da Cultura Pelotense​

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