Editorial
Mais um patrimônio que some
Pelotas tem se tornado território fértil para um problema recorrente e que tem deixado cicatrizes em sua paisagem urbana: a destruição e furto de obras de arte e monumentos instalados em locais públicos. Tema que, aliás, para quem acompanha fielmente o Diário Popular, igualmente não é novidade. De tempos em tempos, reportagens são publicadas pelo Jornal mostrando os efeitos da ação de vândalos e ladrões destas peças.
O episódio mais recente é contado nesta edição por Helena Schuster e Carlos Queiroz. Na sexta-feira, o Parque Dom Antônio Zattera, espaço tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Centro da cidade, local de grande fluxo de pessoas a lazer - e que tem recebido importantes requalificações recentes - foi o ponto de ataque. De lá foram retirados os bustos em homenagem ao general Bento Gonçalves, um dos líderes da Revolução Farroupilha, e do doutor Joaquim Rasgado, reconhecido por seu papel como benfeitor do Asilo de Órfãs São Benedito.
Uma das obras, a de Rasgado, foi recuperada porque continuava no Parque, escondida entre folhagens para que, possivelmente, fosse recolhida posteriormente pelos bandidos. Já a de Bento Gonçalves entrou para o rol de itens que somem do patrimônio coletivo pelotense sem que o Poder Público consiga identificar a autoria do dano/furto e seu destino (ao menos até o momento de fechamento desta edição). Há um ano, em julho de 2022, outro busto de importante figura histórica do Estado também desapareceu: o do ex-presidente Getúlio Vargas, que ficava na rua 15 de Novembro, esquina com a praça Coronel Pedro Osório. Imagem de grande valor porque, além de ser tombada pelo Iphan, datava de período ainda anterior ao político chegar à Presidência. Até hoje, não há responsável identificado pelo furto e a peça provavelmente jamais será recuperada. Além disso, vale lembrar que, para evitar também ter peças metálicas históricas com o mesmo destino, recentemente a Bibliotheca Pública Pelotense optou por retirar placas de bronze de sua fachada.
Some-se a estes episódios citados outros tantos danos em estátuas e itens do patrimônio coletivo parcial ou totalmente atacados e temos o cenário atual. Aparentemente, ou obras de valor histórico inestimável para a coletividade são retiradas e escondidas, ou terão o mesmo destino desconhecido - mas previsível - de Getúlio e Bento Gonçalves. Uma lástima e uma vergonha para uma cidade que se orgulha de prezar pela cultura e conhecimento.
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