João Neutzling Jr.

Nelson Mandela e o nacionalismo africano

João Neutzling Jr.
Economista, bacharel em Direito, mestre em Educação, auditor estadual, pesquisador e professor
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Nascido em 18 de julho (há 105 anos) Nelson Mandela foi um advogado e ativista político de centro-esquerda que lutou contra o regime racista do Apartheid na África do Sul.

Mandela foi sobretudo um ícone do pan-africanismo, ou seja, ideologia política que defendia que as riquezas da África deveriam ser geridas pelos povos nativos sem a ingerência das potências europeias que colonizaram, escravizaram e saquearam o continente desde a famigerada conferência de Berlim, de 1884. Ao lado dele estavam outros líderes políticos africanos de expressão como Agostinho Neto (1922-1979), que foi líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e em 1975 tornou-se o primeiro presidente do país; Samora Machel (1933-1986), líder da independência de Moçambique; José Eduardo dos Santos (1942-2022), líder político em Angola; Stephen Biko (1946-1977), ativista sul-africano e líder do Movimento da Consciência Negra (Black Consciousness Movement), assassinado por oficiais da polícia da África do Sul; Patrick Lumumba (1925-1961), líder político de oposição e mártir da independência do Congo, brutalmente assassinado; Amilcar Cabral (1924-1973), ativista político na Guiné Bissau, entre outros.

O pan-africanismo tem paralelo na história com o pan-arabismo de Gamal Abdel Nasser (1918-1970), líder do Egito, e a ação de Jawaharlal Nehru (1889-1964), primeiro-ministro da Índia, e Simon Bolívar (1783-1830), libertador na América do Sul do jugo da coroa espanhola. Em comum, todos eram líderes de países de terceiro mundo que lutaram pela autonomia e independência de seus países.

Em 1912 foi criado o Congresso Nacional Africano (CNA), do qual Mandela foi membro atuante. O CNA lutava contra as leis de segregação racial e contra o modelo econômico de exploração das riquezas minerais por empresas inglesas. O país rico em minérios, diamantes e ouro, o que atraiu a cobiça externa.

A África do Sul adotou o regime de Apartheid (1948-1994) baseado na segregação racial e separação das comunidades brancas e negras. Em 1960, o CNA é considerado ilegal pelas autoridades e Mandela é preso. Inúmeros protestos e greves ocorrem. Mandela foi acusado de terrorismo, desobediência civil e por promover greves e boicotes. Com ajuda da CIA ele foi localizado, condenado e preso por 27 anos (1962-1990).

Em 1976 ocorreu o triste massacre de Soweto, quando mais de 200 manifestantes negros desarmados foram assassinados pela polícia local. Em 1992 houve o plebiscito em que o país decide abandonar o Apartheid e Mandela é eleito presidente e governa de 1994 a 1999.

Impossível também não lembrar de Desmond Tutu (1931-2021), arcebispo da Igreja Anglicana que lutou contra o regime racista na mesma época, prêmio Nobel da paz de 1984.

Mandela vem a falecer em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, depois de ter recebido honrarias como o prêmio Nobel da Paz (1993) em razão do seu ativismo pela liberdade e pelo fim da discriminação racial. Deixou um legado de luta pela justiça e liberdade expresso nesta frase: "Aprendi que coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas o que conquista esse medo" (da autobiografia O longo caminho para a liberdade, 1994).

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