Editorial
Números e pessoas
Procura-se uma cidade de médio ou grande porte sem filas nos postos de saúde. A busca por uma localidade que consiga atender a população em sua rede pública sem que as pessoas precisem ficar horas em filas de espera permanece como algo aparentemente inatingível ainda hoje, com todas as tecnologias e avanços de modelos de gestão. Afinal, o que o cotidiano mostra é a extrema dificuldade das Prefeituras em acabar com este problema.
Diariamente, cidadãos que dependem do SUS e recorrem às Unidades Básicas de Saúde (UBS) são obrigados a experimentar, na prática, o descumprimento de promessas repetidas de solução definitiva para as filas. Em Pelotas não é diferente. Como mostra reportagem de Cíntia Piegas e Jô Folha nesta edição, após ambos circularem por alguns dos postos nos bairros, não é difícil testemunhar gente chegando cedo às unidades e aguardando longo tempo até conseguirem falar com um médico ou enfermeiro. O que ocorre a despeito de o Município ter lançado, há mais de um ano, o programa Acolhe Bem, cujo mote é justamente a qualificação dos atendimentos, extinguindo o sistema por fichas e adotando classificações de risco dos casos.
Em que pese ter tornado o acolhimento mais lógico, a mudança não acabou com as filas. O que frustra usuários da rede de saúde que conversaram com o DP. Há quem cite, com alguma indignação, que, na prática, as filas apenas deixaram de ser na rua e passaram a ser dentro das UBS.
A Prefeitura defende-se com o argumento de que, a partir do novo método, houve aumento significativo de atendimentos nos postos, apresentando números que indicariam esse avanço. O que, de fato, é algo merecedor de crédito e reconhecimento, especialmente quando a própria Secretaria de Saúde ressalta o crescimento da demanda do SUS desde a pandemia. Assim como é preciso destacar que, em geral, as Unidades Básicas pelotenses atuais são estruturalmente melhores do que eram há alguns anos, tendo recebido obras e melhorias importantes. Entretanto, além de bonitos, os postos precisam ainda serem melhorados em sua eficiência de atendimento. O que inclui o preenchimento do quadro necessário de médicos e que estes estejam à disposição da população.
Se os números e avanços são inegáveis, o mesmo se pode dizer da insatisfação e necessidade do serviço por parte daqueles que ficam longas horas em filas.
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