Nery Fabres

O emprego sumiu

Nery Fabres
Professor
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É... O emprego foi pro brejo. Era de se esperar, com tanta tecnologia à disposição e com a alienação da mente humana às máquinas, não poderia dar noutra coisa.

Qualquer indivíduo quer um emprego e não o trabalho que esse emprego oferece. Quer renda para gastar, não quer trabalhar para gerar renda. O homem está preguiçoso demais. Gosta de regalias, de espaço social, de se mostrar nas redes sociais. Já as máquinas, bem... As máquinas vieram cheias de vontade de produzir. Trabalham sem nenhum salário, elas entraram em nossa vida e não queremos que saia dela. Então, deu nisso.

Os bancos colocaram máquinas para nos entregar o dinheiro virtualmente e, da mesma forma, para receber nossas contas. Os jornais são feitos por máquinas e são mostrados em outras máquinas. Os professores robôs ganharam o mercado, os corretores de imóveis virtuais vendem e alugam todo o tipo de construção.

Os médicos buscam informações nas máquinas para descobrir as possíveis causas das moléstias de seus pacientes. Os advogados copiam e colam as peças retiradas das redes sociais espalhadas por máquinas. Os engenheiros e arquitetos usam projetos criados por robôs para alimentar o mercado da construção civil.

As empresas demitiram, por máquinas, os gerentes, os vendedores, os consultores… Agora tudo é feito pela robótica. Os algoritmos tomaram conta e os novos tempos estão aí. E, para complicar, a população mundial já passou de oito bilhões. A pergunta que faz cócegas no cérebro é: como os indivíduos irão conseguir pagar seus alimentos, medicamentos, moradia, saúde, educação e lazer, sem emprego? E a resposta fica ainda mais distante quando se percebe que os governantes querem que tudo fique exatamente como está, porque são as máquinas espalhando fofocas de seus oponentes e fazendo propagandas de seus governos que os mantêm no poder.

O desafio não é tentar mudar essa realidade, é tentar fazer o desempregado mostrar competência profissional maior que as máquinas. E é essa a questão principal. O indivíduo que procura colocação no mercado tem de entender que deverá se posicionar como um instrumento de difusão da palavra clara e objetiva. No entanto, isso não está ocorrendo. Muitos humanos agem, no ambiente de trabalho, com os sentimentos dominando os seus discursos, enquanto as máquinas são precisas.

Imagina você ir a uma loja comprar um produto e o vendedor não conhecer o produto e ainda vender outro totalmente estranho ao seu pedido. E isso ocorre por falta de atenção, de dedicação ao ofício, de responsabilidade profissional. Quando não acontece coisa pior, com o atendente querendo discutir política e religião se utilizando de narrativas contaminadas por ideologias sem pé nem cabeça.

As máquinas não têm esse comportamento. Elas são precisas, objetivas, são programadas para múltiplas finalidades, porém com competência para cada uma delas. Enfim, a comparação entre os humanos e as máquinas, no mercado de trabalho, é feita diariamente no nosso inconsciente e sempre a nossa percepção falará mais alto na hora de fazer esse juízo de valor. Neste ritmo, as vagas de empregos irão reduzir tanto que não haverá como as sociedades manterem o mesmo padrão de organização social que aí está.

Bem, aí é que vem a parte boa: os humanos terão de voltar para a área rural, produzirem o próprio alimento, construírem suas moradias e confeccionarem suas roupas. E nem perceberão que o emprego sumiu.

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