Editorial

O histórico importa

Ao longo de toda a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi constante a vigilância da sociedade e de partidos de oposição quanto aos nomes escolhidos para chefiar setores importantes da administração pública. Ministros, secretários executivos, diretores de órgãos e agências e até mesmo cargos comissionados para funções com menor projeção passaram por amplo escrutínio. Graças a isso, muitas contradições, ilegalidades e relações pouco republicanas mantidas por alguns destes agentes públicos foram reveladas e levadas ao conhecimento do público, resultando ou na demissão ou, pelo menos, na consciência coletiva de quem eram as pessoas escaladas para determinadas funções.

Sempre é válido ressaltar que este tipo de vigilância atenta e crítica é altamente positivo. Por mais que aqueles que estejam no poder costumem se achar vítimas de perseguição de opositores e/ou da imprensa que divulgam estas informações, este tipo de controle social é um pressuposto básico da democracia.

Neste sentido, chamam atenção as notícias que desde o começo da semana apontam a proximidade entre a nova ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), e o chefe de uma milícia da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a pasta, a deputada federal conhecida como Daniela do Waguinho tem relação com Juracy Alves Prudêncio, o Jura. O miliciano, condenado há 22 anos por crimes como homicídio e associação criminosa, inclusive teve participação intensa na campanha que auxiliou a futura ministra a se eleger no ano passado para mais um mandato na Câmara.

Críticos ferrenhos do ex-presidente da República por suas escolhas controversas para a gestão, sobretudo no que diz respeito a ligações com milícias e outros tipos de crimes, os integrantes do grupo que neste momento tem a responsabilidade de administrar o País não deveriam, agora, admitir qualquer tipo de conexão como esta, fortemente atacada até o ano passado. Tanto por uma questão de respeito ao eleitorado que refutou a reeleição de quem mantinha estas ligações, quanto pelo simples fato de que integrar uma gestão exige o máximo de idoneidade e honestidade.

Da mesma forma como em governos anteriores havia a cobrança para que qualquer tipo de suspeita resultasse em medidas sérias, o mínimo esperado pela sociedade quanto à gestão atual é que fosse criteriosa e atenta ao histórico daqueles escolhidos para cuidar de projetos importantes para o Brasil e de grandes orçamentos. As costuras políticas são importantes, mas jamais devem se sobrepor à lisura que a população exige de seus governantes. E que sempre foi cobrada quando estes estiveram do outro lado do balcão.​

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