Editorial
O PIB como um alento
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro relativo ao primeiro trimestre de 2023, divulgado ontem, surpreendeu até mesmo analistas com visão mais otimista sobre a economia. Conforme o dado apresentado pelo IBGE, houve um crescimento de 1,9% no começo de 2023, na comparação com os últimos três meses do ano passado. Para além disso, o índice é bastante positivo também quando excluído o fator sazonal, ou seja, é traçado o paralelo com o mesmo trimestre do ano passado: alta de 4%.
A explicação para números tão favoráveis assim está naquele setor que é, ainda hoje, o principal motor econômico do País. Vem do campo, da agropecuária, o maior crescimento dentre as áreas analisadas para a formação do PIB. Entre janeiro e março, agricultura e pecuária juntas resultaram em um avanço de 21,6%. Um percentual tão forte que se confirma como o melhor desempenho em quase três décadas, superado apenas pelo final do ano de 1996.
Se, por um lado, o detalhamento do PIB reforça mais uma vez o potencial e relevância do agronegócio brasileiro, cada vez mais produtivo e com tecnologia agregada para garantir modelos menos agressivos ao ambiente, por outro demonstra um sinal de alerta com relação a outros setores. Serviços, por exemplo, teve tímido avanço de 0,6% neste primeiro trimestre. Já na indústria, o resultado é ainda mais preocupante: variação negativa de 0,1%. O que corrobora diagnóstico que já vem de alguns anos de que o Brasil precisa se reindustrializar, visto o recuo do setor de transformação na fatia de representatividade para a economia nacional. Logicamente o índice negativo não é reflexo apenas desse abandono de políticas industriais, mas não deixa de estar conectado a isso também.
Para além da questão puramente econômica, o avanço do PIB é, ainda, um alento no cenário político e econômico nacional. Em meio a tantos tropeços e erros de articulação do governo, agravados pelo desgaste que o presidente Lula (PT) vem lidando por conta de suas próprias contradições e erros, ao menos se verifica o crescimento da economia que, no médio e longo prazo, pode e deve gerar reflexos sociais. Ao governo, no entanto, cabe a tarefa de acalmar outras turbulências. Não gerá-las já seria um ótimo começo.
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