Sandro Mesquita

O poder simbólico

Por Sandro Mesquita
Coordenador da Central Única das Favelas (Cufa) Pelotas e Extremo Sul
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Vendo algumas cenas das cerimônias de posse das pessoas eleitas pra comandar nossa nação em âmbito nacional e estadual, ministros e secretários, lendo alguns manuscritos relacionado a isso, ouvindo alguns discursos e percorrendo as timelines e feeds das redes sociais, juntamente com um conhecimento político, seria inevitável não escrever sobre a pauta. Sobretudo por conta da cena cheia de simbolismo da entrega da faixa presidencial ao candidato eleito.

Um País democrático dá a possibilidade ao povo de escolher seus representantes, o que é o principio fundamental descrito e estabelecido no Art. 1º da Constituição, em seu único parágrafo, que diz: "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes ou diretamente nos termos dessa Constituição".

A cena trouxe representantes de classes trabalhadoras e das chamadas minorias sociais que simbolizava o povo na sua essência como personagens. O que dá a impressão que teremos um governo popular, mais humanizado e voltado para as questões sociais, a exemplo do que foi um pouco em outros mandatos. Por outro lado, o povo exercendo seu papel no ato de entrega da faixa, passando o poder para que as coisas sejam feitas e deixando o recado que estarão ao lado cumprindo o exercício de parceiro e fiscalizador. Mas isso tudo ainda é simbólico.

Não vou entrar no mérito da questão política de como isso tudo vai acontecer, como vai se dar a tal governabilidade, as manobras políticas pra que realmente as promessas de campanha (que não são poucas) possam sair do papel e chegar até a população. Sabemos que o Brasil precisa urgentemente reativar programas de habitação, transferência de renda, potencializar as campanhas de vacinação, programas de fomento financeiro ao empreendedorismo periférico, de qualificação profissional e erradicação da fome pra citar alguns.

Mas e o povo? Também tem outra missão. Se reorganizar dentro dos seus organismos sociais, culturais e políticos para contribuir com as construções de políticas públicas dos governos e estar preparado pra receber os benefícios que serão gerados a partir de antigas e novas reivindicações.

De fato, dentro de um interacionismo simbólico como nos traz Herbert Blumer, que diz na primeira premissa sobre o tema que "o ser humano orienta suas ações para as coisas em função do que elas significam".

Se a cena simbólica teve então um grande significado, as ações do povo se moverão nessa direção, de se fazer presentes e atuantes no desenvolvimento de ações e estratégias junto com o governo para efetivação de tantos anseios e desejos. Já os discursos de ministros que trabalham com as pastas que desenvolvem politicas ligadas diretamente ao povo, me parece, tiveram suas falas atravessadas pelo simbolismo da cena e pelo fato de terem sido convidados a participar de um governo humanitário. As ações terão que se materializar na mesma intensidade e profundidade das suas palavras.

Parecem dois grupos distintos, mas é só um de onde emana todo o poder, ou seja, o povo. Detém o poder no verbo transitivo direto, que significa ter o conhecimento, a faculdade e ao mesmo tempo a força física, moral e a influência para colocar novamente o País no trilho do desenvolvimento, da produtividade, em um mandato coletivo com o povo, a sociedade civil organizada e todos que desejam se envolver e serem protagonistas dessa transformação, com agendas que estão diretamente ligadas com a população, maior interessada e que faz a sociedade e o País se movimentarem. Longe de todo o simbolismo, na prática.

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