Sergio Cruz Lima

O surrealismo de Aragon

Sergio Cruz Lima
Presidente da Bibliotheca Pública Pelotense
[email protected]

Ao lado de André Breton e Philippe Soupault, Louis Aragon, um dos fundadores do movimento surrealista, é poeta e romancista. Suas obras são influenciadas pelo engajamento político e rompimento com as convenções literárias. Junto com Breton, Aragon produz o periódico Littérature, no qual estabelece as teorias do surrealismo. A meta de ambos é libertar a imaginação por meio do uso do inconsciente como fonte de inspiração. Ao valer-se da escrita sem qualquer forma de controle consciente, acreditam que a mente poderá libertar-se de quaisquer inibições. Pensam, ainda, que a poesia deve assumir riscos e emancipar a linguagem ao perturbar e romper com as convenções literárias. Em 1924, Louis Aragon escreve Le libertinage. Por meio de cenas da vida diária, explora a mente subconsciente e o resultado combina uma série de impressões e fantasias. Dois anos depois, O camponês de Paris torna-se uma das principais obras do surrealismo.

No início do conflito mundial, quando o exército alemão derruba regimes, partidos, fronteiras e homens, marchando em direção a Paris, Louis Aragon se encontra na fronteira belga, na chefia de uma unidade de saúde composta por estudantes. Ele chega a Dunquerque, desembarca em Plymouth e parte para Brest. Luta no Eure, bate em retirada para Périgueux, fracassa na Dordogne. Elsa Triolet o leva a Paris e o instala em Courrège. Agora associado ao Partido Comunista Francês e membro da resistência, Aragon junta-se a outros literatos dispostos a opor-se ao domínio alemão: Julien Benda, Gaston Gallimard, Pierre Seghers, René Magritte. Incluído entre os odiados escritores das edições Gallimart, críticos de Hitler, juntamente com Breton, Éluard, Gide, Malraux, Romain e outros, Louis Aragon tem agora em Pierre Drieu de la Rochelle, seu melhor amigo, com o qual divide seus dias, noites, mulheres e cumplicidades. Trocam dedicatórias: Drieu dedica seu primeiro livro - L´homme couvert de femmes - a quem o homenageara em seu Libertinage.

Durante dez anos, Aragon é o principal confidente de um homem louco por mulheres, sedutor renomado, amante apaixonado capaz de pensar em suicídio e desistir por causa de uma e outra, talvez uma e outra, já que muitas vezes conduz uma relação dupla, quando não tripla. Mas quando Aragon escreve Aurélien, os dois estão brigados. Aragon fora amante de uma mulher por quem Drieu havia se apaixonado. Em fins de 1941, Aragon recebe os documentos que narram a execução dos reféns de Chateaubriand. Apoderando-se deles, põe-se ao trabalho. Logo tem 80 folhas datilografadas, que assina anonimamente "Au nom des Martyrs, leur Témoin". Finda a guerra, Louis Aragon inspira-se ainda mais nas próprias experiências como base para seus romances, salpicando neles artigos de jornal, ensaios e suas teorias sobre a arte. Morre em Paris, aos 85 anos de idade.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Recordando episódios que a Segunda Guerra gerou - 1

Próximo

Balada com respeito: uma nova perspectiva para a convivência urbana em Pelotas

Deixe seu comentário