Apesar de Pelotas ser uma cidade com centenas de praças, nossos espaços públicos são historicamente pouco acolhedores, ou pelo menos pouco preparados para receber gente. Um espaço com grama e algumas árvores não é o suficiente para levar o público a aproveitar nossas áreas livres e os projetos pareciam, até pouco tempo, bem voltados aos mesmos lugares, como Laranjal, Coronel Pedro Osório, Dom Antônio Zattera e afins. Só no Centro, por exemplo, as praças Piratinino de Almeida e Cypriano Barcellos são lugares nada acolhedores, como a praça da Faculdade de Direito e tantas outras. Passa por estrutura, iluminação, segurança, enfim.
De um tempo para cá, porém, Pelotas parece ter percebido que é importante ampliar esses olhares. Áreas como o Quadrado, os canteiros de avenidas como Saldanha Marinho, Duque de Caxias e Dom Joaquim, além de outros espaços que vêm sendo melhor explorados. Claro que há erros, como a aberração nada acolhedora como o Largo de Portugal, um amontoado de concreto sem nenhuma área verde em frente à antiga Estação Férrea. Ainda assim, todos os avanços são significativos para fazer a população viver um pouco melhor a cidade.
Na página 8 de hoje, outra grata surpresa: a cidade começa, enfim, a voltar-se às águas do São Gonçalo. Apesar de costear todo o Município e ser um dos nossos berços, junto ao Arroio Pelotas, a área era quase nada explorada. Para turistar por ali, apenas olhar de longe em locais como a Praça da Alfândega, ou então um espaço bem curto como o Quadrado, o único com mais opções para sentar e curtir as águas. No Arroio Pelotas a situação é parecida. Fora o Recanto de Portugal, não há área pública para aproveitar as margens. De locais preparados para receber gente à beira da água em Pelotas, resta as praias da Lagoa dos Patos.
O projeto do parque onde ainda estão as ocupações irregulares da Estrada do Engenho é uma forma de finalmente começarmos a olhar também para o potencial turístico que a nossa riqueza hídrica traz. Pouco tempo atrás, esse mesmo editorial citou o potencial mercantil e econômico das águas. Parafraseando o secretário de Qualidade Ambiental, Eduardo Schaeffer, na entrevista da página 8, parece que enfim o Município deixa de dar as costas para as águas e passa a ver as possibilidades que essa riqueza natural nos traz.
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