Lênin Landgraf e João Marinônio Carneiro Lages
Os 90 anos do naufrágio do navio Araçatuba
Lênin Landgraf
Mestre em História
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João Marinônio Carneiro Lages
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande
As movimentações portuárias na cidade do Rio Grande remontam a 1737, ano de sua fundação. Desde então, a atividade portuária só fez crescer, tendo em 1869 iniciadas as obras do conhecido Porto Velho, que foi inaugurado em 11 de outubro de 1872. Com a expansão industrial da cidade, a demanda por um novo porto cresceu e em 1910 iniciam-se as obras do Porto Novo, que foi entregue em 15 de novembro de 1910, sendo hoje administrado pelo Estado do Rio Grande do Sul. A barra do porto é funcional e segura graças aos Molhes da Barra, dois gigantescos "braços" de pedra construídos na entrada do canal de acesso ao porto. A origem e história dos Molhes serão tratados em outro capítulo desta obra.
O curioso é que os Molhes que deveriam servir para proteger as embarcações que acessam o canal _ e que de fato cumprem com seu objetivo _, na madrugada do dia 5 de fevereiro de 1933, acabaram sendo o algoz do navio Araçatuba, um paquete. Chama-se paquete os antigos navios de luxo, que possuíam grande velocidade e normalmente eram movidos a vapor. Na origem do nome está a designação inglesa de "packet boat" e que pode ser traduzida para português, em tradução literal, como navio dos pacotes.
Devido ao mau tempo e pouca sinalização, o Araçatuba, que pertencia à frota da Lloyd Nacional, chocou-se com o molhe leste, em São José do Norte. Os fortes ventos e a ausência de boias iluminadas foram as causas apontadas para o acidente. É importante lembrar que antes, e mesmo depois da construção dos Molhes, a barra do Rio Grande era muito temida pelas tripulações que aqui precisavam chegar. Ao longo da história, inúmeros acidentes e naufrágios acabaram acontecendo.
O navio, que vinha do norte do País para aportar em Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, trazia 46 passageiros e 72 tripulantes. Todos foram resgatados em pouquíssimo tempo, evitando uma tragédia. O navio _ que virou atração para a população _ acabou afundando pouco a pouco, ficando submerso no mesmo local em que havia batido. O incidente obteve repercussão nacional, sendo noticiado no jornal carioca A Noite com a manchete "Sofreu grave acidente o paquete Araçatuba". A matéria sobre o caso ganhou destaque na capa do jornal, que ainda destacou a perda total do navio e o salvamento das pessoas a bordo: "Os passageiros do vapor Araçatuba, do Lloyd Brasileiro, que encalhou nas imediações da barra do Rio Grande, a 1 hora da madrugada de hoje, foram salvos, sendo hospedados num hotel local, por conta da companhia da embarcação sinistrada" (A Noite, Rio de Janeiro, 06/02/1933, capa).
Outra curiosidade é que o Araçatuba, além dos passageiros e tripulação, trazia uma carga de lança-perfume, legalizado à época, para o Carnaval que se aproximava.
Para marcar a data e, sobretudo, preservar a memória da história de nossa cidade, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande (IHGRG) confeccionou um panfleto com a história resumida do ocorrido e com uma foto, para que seja distribuído na cidade.
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