Editorial

Passando o chapéu

Uma pichação no Balneário dos Prazeres, o popular Barro Duro, traz a frase "a gente se acostuma, mas não devia". A filosofada de quem escreveu a frase se encaixa muito bem no momento político-econômico que a Zona Sul vive. De tempos em tempos, nos acostumamos com uma pauta em que nossos gestores precisam passar o bonézinho por aí em busca de moedas para oferecer o mínimo de estrutura e condições de vida para a população. São peregrinações constantes a Porto Alegre e principalmente Brasília atrás de recursos que ou são escassos, ou são insuficientes e por vezes até são inexistentes.

A gente se acostumou a ter que pedir migalhas a partir de uma divisão de recursos que foi pensada esquecendo do mais básico dos fatores: a vida acontece nas cidades. No entanto, os Municípios ficam só com uma fatiazinha do bolo financeiro. Dessa maneira, para qualquer gasto minimamente maior ou qualquer crise, a saída é correr para as capitais do Estado e da Federação e bater de porta em porta, atrás da boa vontade de quem está por lá. Não fossem as emendas "dadas" por deputados (apenas um repasse de recursos aos quais temos direitos, mas que é colocado como um grande gesto de bondade em prol do marketing político), a situação em diversos outros setores seria ainda pior.

Não é uma nem duas pautas que isso aconteceu. Agora é a vez de aguardarmos temerosos a decisão ministerial por recursos que evitem o fechamento de leitos hospitalares em uma cidade que é referência em saúde para toda uma macrorregião. Dependemos de uns minutos na agenda da ministra da Saúde na próxima segunda-feira, dentro de um evento que acontecerá no Estado, após ter enviado um recado via ministro-chefe da Secretaria de Comunicação. Recadinho, clamor e um por favor. Se nada disso der certo, será o caos na saúde da Zona Sul.

Na edição de hoje, a lembrança de mais um pingadinho que volta e meia precisamos comemorar, ao invés do copo inteiro: mais um pouco de recursos para a duplicação da BR-116! Oba! São só dez anos de atraso. Talvez, de pouquinho em pouquinho, nos próximos anos a obra termine. Até lá, eventos, eventos e mais eventos em que políticos de longe balançam a carteira mostrando sua benevolência na liberação de recursos. Na quarta gestão presidencial, apenas!


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Bruno de Luca praticou o delito de omissão de socorro?

Próximo

Tecnologia responsável: integrando a gestão de riscos ao ESG

Deixe seu comentário