Marcelo Oxley
Perversão política (Pelotas)
Marcelo Oxley
Jornalista e empresário
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Todos sabem que a política tomou um rumo descontrolado, polarizado, questionável e muito perigoso. A lamentável declaração, nesses últimos dias, de um vereador de Caxias do Sul mostra essa nova fase. Sandro Fantinel, por certo, já foi expulso do partido que o elegeu, o Patriotas.
Ter um compromisso público, além de tudo, é ter respeito e responsabilidade com o eleitor, tanto com os que lhe elegeram, quanto com os que têm pensamentos contrários aos seus. O "poder" que sugere quando você é político requer cuidado para que as armadilhas sejam superadas e não apreciadas.
A falta de identidade política tem assustado. Esquerda e direita estão juntos nessa "guerra". Quando você se filia a um partido, deve compreender seu espectro político, o que busca, o que entende, quais seus objetivos e tudo que poderá contribuir para a sociedade. Simples! Mas, se algum desses argumentos forem violados, a tendência é que você está apenas precisando de um trampolim.
Em Pelotas, mais precisamente na Câmara, estamos vendo alguns vereadores indecisos quanto a suas escolhas partidárias. Preciso reforçar para que não haja um mal entendido: uma pequena parte. Mas, como assim? Você pode estar na esquerda e logo fazer parte da direita? Por acaso suas diretrizes não estão claras o bastante quando fez tal opção? O que está acontecendo com os seus valores?
A vontade de ser um candidato a qualquer cargo que esteja disponível está fazendo com que princípios sejam corrompidos ou colocados em dúvida. E os eleitores que lhes apostaram seus votos? Estariam de acordo? O que você diria a eles? Como você confronta o seu travesseiro todas as noites?
Vivemos num País livre e democrático, relativamente, mas existem conceitos que devem ser intransponíveis e a sua percepção política é um deles, ou seja, inalterável. Ficar oscilando entre esquerda, partido de centro, sem partido, partido de direita ou qualquer um, me parece uma ideia fixa de "o que vier, vem bem". "O importante é estar na mídia e ser um candidato, nem que para isso eu venda a minha alma. Ontem apoiei um cidadão, de esquerda, que foi preso. Hoje, estou do outro lado. Amanhã, já não sei dizer."
Mudar de opinião é legítimo, quem sou eu para dissertar diferentemente. Todavia, tanto assim me parece duvidoso, uma espécie de "os fins justificam os meios". É muito mais leal e digno debater política com quem pensa diferente de você do que argumentar com quem não tem personalidade. Levantar qualquer bandeira me parece o caminho mais fácil.
Na verdade, alguns vereadores desta cidade deveriam estar mais preocupados com seu Município e seus bairros, do que ficar pensando no futuro.
Ainda é possível que apreciemos a lealdade mesmo dentro do âmbito político, por vezes perverso. É nele que as maiores decisões, para todos nós, serão tomadas. Ganhar ou perder, ser indicado ou não, deveria depender de sua postura. E como seria interessante que os eleitores vissem desta maneira. Hoje há um imenso universo midiático e tecnológico para que você saiba mais do seu candidato, aquele que você apostou todas suas valiosas fichas.
Políticos: não sejam assim! O assunto em questão é de inteira responsabilidade sua. Trocar de roupas é uma coisa, mudar de ideologia política é outra completamente diferente. Tenham firmeza, mesmo que não obtenham o melhor resultado. Jamais se esqueçam: dormir com o sentimento do dever cumprido ainda nos dá o melhor sono, os melhores sonhos.
Aos presidentes dos partidos, deixo uma breve e coerente dica: cuidado com aqueles que pulam de galho em galho. Vocês devem privilegiar, em primeiro plano, suas bandeiras e o que elas entendem.
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