Opinião

Problemas econômicos na trajetória das nações

Por João Carlos M. Madail
Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial cresce 1,3% ao ano e deve atingir 9,7 bilhões em 2050. A Libéria, por exemplo, país que ocupa a 168ª posição entre as economias mundiais, tem crescimento de 4,50% ao ano, bem acima da média dos demais países. Na agenda dos governantes, principalmente dos países não desenvolvidos, consta, certamente, preocupações com problemas econômico-financeiros, devido à fragilidade das suas economias entre outros fatores. Com o aumento das populações, o maior problema a ser enfrentado, na área econômica, envolve duas questões básicas que norteiam a ciência econômica; as necessidades das pessoas são ilimitadas e os recursos necessários para a produção de bens e serviços capazes de satisfazê-las são escassos. Nesse sentido, entende-se que nem todos conseguirão satisfazer plenamente as necessidades mínimas dos seus habitantes, em face de escassez de recursos disponíveis o que determinam estabelecer prioridades e definir quais deve ser inicialmente atendido.

Todo governante deve ter um plano para a solução de problemas econômicos que compreende três diferentes aspectos: primeiro "o que e quanto produzir", ou seja, quais os tipos de mercadorias, bens e serviços que terão de ser produzidos, sendo os artigos de primeira necessidade os preferenciais. Segundo, "como produzir", o que corresponde à escolha das técnicas disponíveis que serão utilizadas na composição dos produtos. Quais insumos estão disponíveis? As técnicas produtivas serão intensivas em relação à mão de obra ou ao uso de capital? Terceira, "para quem produzir": As mercadorias são destinadas a qual tipo de público? As classes sociais mais ricas ou as mais carentes? Ressalta-se que, em regra, os produtos e serviços devem ser produzidos para quem tem recurso para consumi-los e até subsidiá-los aos menos abonados.

Por outro lado existe a dependência econômica em relação às atividades primárias que corresponde às atividades como a agricultura, extrativismo e mineração. Os países subdesenvolvidos têm grande parcela da população envolvida no setor primário e os produtos são responsáveis pelo maior volume de vendas ao exterior. Nesse caso, como se trata de produtos primários com pouco valor agregado e sujeitos a variações no mercado, o retorno é pouco significativo. Produtos primários se diferenciam dos produtos industriais que possuem valor agregado em função da transformação que envolve mão de obra especializada e tecnologia de acordo com as exigências do mercado. Na prática, a indústria nos países subdesenvolvidos é quase nula, resultado da forte influência exercida pelas empresas multinacionais estabelecidas nesses países, seja nos setores de alimentos, vestuário, automobilísticos e outros que aproveitam a oferta de mão de obra barata para produzir para o mercado global, ou seja, a economia dos países subdesenvolvidos depende de recursos internacionais.

Num possível cenário de crise mundial com redução da demanda por produtos dessas multinacionais, sem hesitar, elas fecham as suas portas deixando várias famílias desempregadas, criando, em muitos casos, crises sociais quase insolúveis para os países. Empresas multinacionais têm como objetivo principal atender os seus interesses e não o interesse do país que a recebeu. Além do mais, o lucro advindo da sua atividade não permanece no país, mas é direcionado para o país sede, enriquecendo ainda mais a sua economia. Países subdesenvolvidos e com poucos recursos naturais dependem economicamente da ajuda financeira de países ricos para o desenvolvimento de projetos de grande impacto social, como programas de recuperação escolar, melhorando a educação e qualidade do trabalho naquilo que o país tenha disponível. Um bom exemplo ocorreu com a Coréia do Sul, que superou a armadilha da renda média para se tornar uma economia de alta renda.


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