Lênin Landgraf

Retrospectiva 2022

Por Lênin Landgraf
Mestre em História (UFPel)
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Todo final de ano passamos a ver os mais diversos canais de comunicação (emissoras de TV, rádio, jornais, revistas, etc.) divulgando e elaborando suas respectivas retrospectivas dos meses passados. O exercício de realizar uma retrospectiva pode e deve ser muito benéfico, é o momento para refletirmos sobre tudo o que passou no mundo, no País e também em nossas vidas. Revisitar as memórias recentes é um exercício que pode ser muito profícuo, nos levando a analisar os erros e acertos e, principalmente, passar a acreditar que o ano que virá será melhor.

Pessoalmente, o ano de 2022 foi muito generoso comigo. Através da Lei do Livro, em Rio Grande, tive a oportunidade de publicar meu primeiro livro, que, modéstia à parte, vem sendo um verdadeiro sucesso. Tive a honra, ainda, de assumir a cadeira número 16 da Academia Rio-Grandina de Letras, tendo como Patrono Edgar Braga da Fontoura e como padrinho o Prof. João Lages. Aqui no Diário Popular tive novamente a oportunidade de publicar mais de uma dezena de artigos. O espaço cedido pelo DP a escritores de nossa região é fundamental.

Ocorre que, infelizmente, o 2022 de modo geral - na minha avaliação - foi um ano com grandes desafios e problemas recorrentes no Brasil. Felizmente, no entanto, podemos visualizar um arrefecimento da pandemia, graças à vacinação e à ciência. Tivemos a oportunidade de recebermos a quarta dose da vacina contra a Covid-19, algumas pessoas até a quinta. A expectativa vivida em 2021 de um 2022 melhor nesse quesito, se realizou. Isso há de ser comemorado.

Na economia, mais uma vez, patinamos. Em 2022 vimos novamente um aumento irrisório no salário mínimo nacional e a manutenção - embora em menor escala - do monstro dos anos 1980/1990, a inflação, que nos últimos 12 meses acumula cerca de 6%. A inflação desse ano, embora menor, seguiu afetando principalmente o preço dos combustíveis e alimentos. A tragédia inflacionária de 2021 seguiu repercutindo nesse ano, corroendo o poder de compra da população e nos fazendo, muitas vezes, escolher entre um produto ou outro.

O País mais pareceu um navio à deriva, sem qualquer comando. Aliás, sem qualquer comando que não beneficiasse a possível reeleição do atual presidente. Mais preocupado em se envolver em polêmicas completamente desnecessárias, o presidente da República insistiu novamente em fechar os olhos para os reais problemas do Brasil. Tivemos mais um ano de ataques à saúde, à educação pública e à ciência. Vimos as universidades federais sofrendo com os cortes de verbas, inclusive para despesas básicas. O sucateamento da educação pública certamente marcou 2022.

Nas eleições mais acirradas desde a redemocratização, vimos um verdadeiro show de horrores. Os debates com pouquíssima troca de ideias e discussões sobre os verdadeiros problemas nacionais preocuparam. Mas o que mais assustou foram os ataques - fortalecidos ao longo dos últimos quatro anos! - contra o Estado Democrático de Direito, o resultado legítimo das eleições e nossa democracia em si. É inadmissível que se veja em pleno século 21 políticos do alto escalão nacional - o presidente inclusive - fazendo questionamentos ao resultado das urnas e insinuando em diversas falas um tom golpista. Lula ganhou e, gostem ou não, assim como Bolsonaro em 2018, assumirá o cargo e governará.

Mesmo com tantas dificuldades, acredito em um 2023 melhor. Acredito em um 2023 melhor por ter fé no povo brasileiro, humilde e batalhador, que superará todas as dificuldades já elencadas. Precisamos de um 2023 com muita saúde, emprego e fortalecimento de nossa economia para varrer, mais uma vez, o pavor da fome, que afeta hoje cerca de 33 milhões de brasileiros e brasileiras.

Deixo aqui, então, meu desejo de um excelente e abençoado 2023 para todos e todas. Vamos em frente!​

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