Editorial

Sequelas da pandemia de Covid-19

De volta ao ritmo normal, em um mundo que já aprendeu a conviver com a Covid-19, muitos ainda precisam lidar com sequelas deixadas pelos vírus Sars-CoV-2. Prejuízos no olfato e no paladar, sintomas ansiosos depressivos e complicações nos pulmões são alguns dos problemas que podem ser enfrentados por quem contraiu a doença lá atrás. O editorial de hoje, no entanto, não vai abordar as sequelas físicas e psicológicas relacionadas à saúde da população. Mas, sim, de outra área fortemente impactada pela pandemia: a educação.

Matéria publicada na página 7 da edição deste final de semana do Diário Popular traz números alarmantes sobre o analfabetismo entre crianças em idade escolar no Brasil. De acordo com dados da Unicef, entre 2019 e 2022, a proporção de crianças de sete anos que não sabem ler nem escrever saltou de 20% para 40%, principalmente entre aquelas afetadas pela pandemia.

Uma pesquisa coordenada pela professora da Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e integrante do coletivo nacional Alfabetização em Rede (Alfarede), Gilceane Porto, que investiga todo o processo de alfabetização no contexto do ensino remoto, mostra o impacto deste período longe das salas de aula no aprendizado dos alunos. "No terceiro ano, se espera que a criança já compreenda leitura e escrita, mas a gente tá percebendo crianças chegando sem conhecer as letras, sem saber escrever o nome ou segurar um lápis. Há crianças de 5º e 6º ano que não estão plenamente alfabetizadas, sem efetivamente ler e escrever com autonomia."

Na reportagem, Gilceane fez um alerta que pode, e deve, ser levado em conta para o poder público resolver, de fato, esta questão: "A maioria das escolas públicas de Pelotas não tem uma biblioteca funcionando. Como as professoras formam um leitor, ensinam a ler e escrever, sem nem ter uma biblioteca?". O caminho para resolver essa triste realidade da nossa alfabetização está aí. Percorrê-lo não é simples, mas é extremamente necessário para o presente e o futuro das novas gerações.


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