Rubens Amador
Sobre pronúncias corretas
Rubens Amador
Jornalista
Acredito firmemente que só em Angola, Cabo Verde e nas antigas possessões portuguesas além mar _ e Portugal _ continuarão a falar o português corretamente. Nós, brasileiros, temos uma tendência de não respeitar o uso correto das palavras. Basta se ligar na RTP (Radio e Televisão Portuguesa), tirando-se o sotaque lusitano, para comparar-se com o que aqui ouvimos diariamente: palavras sem o plural; erros nos tempos de verbo; na colocação dos pronomes, etc. E para complicar, há agora a linguagem da Internet.
Um dia destes li "bonfi" em uma mensagem. Custei a entender, até que meu neto me explicou que aquilo queria dizer: Bom fim de ano! Como é que os jovens vão enfrentar um ditado? Será que ainda fazem ditado?
De uma maneira geral também para com estrangeirismos corriqueiros, não temos a devida cautela, embora a isso não estejamos obrigados. Mas poderíamos pronunciar "Davôs" em vez de Davos, errado. O caso de Mengele é emblemático: o médico nazista morto em Bertioga, SP. O então delegado de polícia, Romeu Tuma, (que era formado advogado por uma universidade não tradicional) chefiava as investigações para encontrar os ossos do médico alemão. Entrevistado pela Globo, atreveu-se a pronunciar o nome de Mengele, (Mênguele), como "Menguéle" (em alemão o G tem som de guê). Qualquer engraxate aqui do sul sabe que o correto é "Mênguele"! Porém como a Globo adotou em todos os seus noticiário o terrível "Menguéle" (o que chega a ser ridículo), até hoje ainda muitas emissoras repetem o erro.
Agora, com o ex-senador Gustavo Fruet, dá-se algo semelhante: as rádios e tevês referiam-se ao político do PSDB-PR como Gustavo Fruit (fruta, em francês), quando, pela terminação do seu nome, sem sombra de dúvida é de origem gaulesa, daí a pronuncia correta ser Fruet ("Fruê", com T mudo).
Já em português, a palavra Roraima é pronunciada por todas as tevês e emissoras de rádio como "Roráima", forma que nunca existiu. Há ainda o caso de Frederic Chopin, que quase toda gente diz "Chopan"! O correto é como se pronuncia na Polônia, terra do genial Chopen! Por certo dizem Chopan dado a que o gênio polonês viveu seus últimos 18 anos, de seus 39 de vida, na França! Mas a pronúncia correta é Chopen, e não Chopan.
Leiam as letras das músicas modernas que estão na televisão. É de cair-se, tais os erros apresentados. (Lembro-me aqui com respeito e saudade de meu falecido professor de francês, Dr. Jules Delanoy, parisiense, que nos ensinava, fazendo-nos repetir exaustiva e frequentemente: "I-N", em francês, faz "am". "O-U", em francês, faz U; terminação em francês E-T, o T é sempre mudo. E por aí ia…).
Nosso País mudou tanto, ante tanta grossura vigindo, que até se compreende o desinteresse pela cultura. Oxalá os jovens e os que estão aprendendo nosso idioma aprendam a fazer o plural e a concordância com qualidade. Cuidado com o "maestro" que rege no momento, deitando falação na mídia todo o dia. Temos de reconhecer que ele não se dá bem com as "pretinhas". Cuidado, não desaprendam.
Entendo que a falta de domínio da linguagem deve ser uma das grandes razões nas reprovações, tanto nos concursos públicos quanto nas provas de vestibular. De per si muitas pessoas têm mais dificuldade de escrever do que de falar. Quando deveria ser ao contrário, dado a que falar é instantâneo, ao passo que o ato de escrever nos permite uma reflexão, até uma consulta, uma pesquisa. Vejo na introdução da filosofia em nosso ensino uma boa solução para isso, porque a filosofia faz pensar. Justiça seja feita: essa foi uma das medidas mais acertadas dos últimos tempos na área do ensino em nosso País. Como a mais errada foi suprimir o latim.
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