Eduardo Allgayer Osorio

Tem inimigo na trincheira do agro brasileiro

Eduardo Allgayer Osorio
Engenheiro agrônomo, professor titular da UFPel, aposentado
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Caiu como uma "bomba" junto aos agentes do agro a crítica feita na China pelo presidente da Apex Brasil, o senador petista Jorge Viana, que acompanhando a caravana brasileira de agentes do agro declarou "ser obrigatório parar de dizer fora do Brasil que o País não tem problemas ambientais, visto que 84 milhões de hectares já foram desmatados na Amazônia brasileira nos últimos 50 anos, sendo 67 milhões destinados à pecuária e outros seis milhões à agricultura de grãos", números esses irreais, extremamente exagerados, discordantes dos registros oficiais divulgados por órgãos de governo, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ou a Embrapa Territorial.

Tal disparate teve resposta imediata, expressada pela senadora Tereza Cristina, que apontou "ser uma insensatez. A Apex sempre promoveu as exportações, onde o agro é campeão. Agora vem o novo presidente acusar o agro de desmatar a Amazônia diante dos nossos maiores clientes? Quer derrubar a imagem do País?".

Já a Frente Parlamentar da Agricultura recriminou em nota o posicionamento havido, "desprovido de qualquer conhecimento sobre a agropecuária nacional. A Apex é uma agência que tradicionalmente trabalha pela promoção da imagem dos produtos brasileiros no exterior", condenando "o estrago que faz um porta-voz responsável pela promoção das nossas exportações ao macular toda a pesquisa, tecnologia e precisão implantados pelo setor agropecuário, numa premissa ultrapassada, desprovida de informações científicas e oficiais". Salienta "ser importante registrar que exportamos para mais de 200 países com qualidade e eficiência, atendendo a todos os protocolos sanitários, ambientais e de mercado. O estrago vai além dos produtos agropecuários e atinge diretamente a imagem brasileira". Alerta que "o Brasil possui 66% do seu território com a vegetação nativa preservada. Nenhum outro País possui o modelo sustentável brasileiro, com leis ambientais rigorosas, como um Código Florestal que impõe ao proprietário rural cotas de preservação ambiental no próprio imóvel, de 80% da área da propriedade na Amazônia, de 35% no Cerrado e de 20% nos demais biomas".

Por sua vez, o presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins, ressaltou que "metade da área preservada de vegetação nativa no Brasil está dentro dos imóveis rurais, sendo protegida por agricultores, com apenas 7,8% do território brasileiro ocupado por lavouras", reiterando que "o objetivo da Apex Brasil é trazer investimentos em tecnologia e inovação para o agronegócio e levar para o mundo o que temos de melhor, que são alimentos produzidos com a mais alta qualidade, responsabilidade ambiental e padrões de produção".

Quando um presidente da República acusa em rede nacional o agronegócio brasileiro de ser "fascista" não surpreende o posicionamento público do seu "cumpanheiro" e amigo, o atual presidente da Apex Brasil. Agora em viagem à China, teremos por parte do presidente da República novos ataques ao agro brasileiro?

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