Editorial

Todos seremos idosos (tomara!)

O último domingo foi Dia Internacional da Terceira Idade e Dia Nacional do Idoso. Como o Diário Popular noticiou ontem, Rio Grande tem uma ampla programação voltada ao conforto desse público ao longo desta semana. Em Pelotas, estranhamente, até o momento não houve qualquer divulgação de atividades relacionadas à data. Porém, muito mais do que sete dias de bailinhos, teatros e ações de saúde, há que se cobrar políticas públicas intensas e assertivas em prol dessa população. E isso também parece ser raro nos planejamentos de gestores, em todos os níveis de administração pública.

Enquanto Pelotas levanta a belíssima e necessária bandeira de cidade das crianças, pouco se vê em termos de ações voltadas a idosos. E um olhar atento às ruas chama atenção de que esse público - bem como deficientes físicos, visuais, etc - é esquecido nas mais amplas questões. Se para uma pessoa com plena mobilidade andar pelas calçadas já é um desafio, imagine-se com movimentos e reflexos reduzidos por ação do tempo tendo que lidar com tantos buracos, tampas abertas e pisos soltos. É uma luta diária!

Em reportagens recentes o Diário Popular noticiou, em maio, uma tendência estadual de envelhecimento populacional, estatística que vai na contramão das políticas públicas presentes. A expectativa de vida é cada vez maior e os nascimentos se reduzem. Para cada cem jovens de 15 até anos, há 75 idosos hoje, com forte probabilidade de encolhimento dessa distância. Exatos 45 dias depois, em 30 de junho, outra reportagem trazia um dado estarrecedor: Pelotas tem quase o dobro da média nacional de violência contra a pessoa idosa - 3,19% da população já foi vítima só no primeiro semestre de 2023, um total de 1590 casos. São registros de maus-tratos, violência patrimonial e abandono.

O fato é que todos seremos (tomara!) idosos em algum momento. Muito além de fazermos planejamento financeiro para não passarmos por pendengas nessa fase da vida, ou um plano de aposentadoria dos sonhos em uma praia, no campo, enfim, há que pensarmos e cobrarmos de gestores públicos que as cidades comportem essa população. Seja com políticas estruturais, de saúde, de assistência social, de inclusão, enfim. Pensar no idoso, a longo prazo, é pensar em si mesmo. Mas pouca gente parece perceber isso.


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