Marcelo Oxley
Um, dois e três…
Marcelo Oxley
Empresário
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Estávamos lá, meus filhos e eu. Foi um passeio mágico, pois foi o primeiro longe da cidade para acompanhar o nosso time, o Esporte Clube Pelotas. Bento Gonçalves foi o destino e saímos no sábado conversando, sorrindo e brincando. Na verdade o resultado do jogo era o que menos importava, mas doeu.
O Pelotas na Divisão de Acesso nunca foi firme e classificou-se nos últimos jogos. O Pelotas, no ano, seguiu atrapalhado como já é de praxe. Quase deixou escapar a vaga para o Troféu Rei Pelé, competição do segundo semestre.
Juntamos nossas bandeiras, camisas e sonhos de retornarmos de Bento classificados à semifinal. O Pelotas, no primeiro tempo, jogou acanhado, mas o empate nos classificava. No segundo tempo, levamos o gol que deu ao "poderoso" Monsoon a chance da vaga nas penalidades, pois na Princesa do Sul, no jogo de ida, foi derrotado pelo mesmo placar.
Não era o momento de dizer aos meus filhos que já tinha visto aquela cena anteriormente, fomos derrotados nos pênaltis em 2022. Deixei eles vibrarem com suas bandeiras enroladas aos sons das torcidas que lotaram o nosso espaço no lindo estádio da Montanha dos Vinhedos. Aliás, que torcida! Se dependesse apenas dela, estaríamos bem mais longe. Nas penalidades arrancamos muito bem e precisávamos apenas de mais um gol para vencer. Não veio! Mas ainda tínhamos a famosa "gordurinha" para queimar. Não veio! Fomos para as alternadas e logo de cara o nosso goleiro Jacsson, que fez com excelência a sua parte, pegou a cobrança. Então, era só fazer e correr para os braços dos torcedores e dos meus filhos que estavam enlouquecidos, irreconhecíveis, na tela. Não veio e, o pior, perdemos. Tivemos três chances para matar o jogo e nos faltou competência.
Torcer para um time do interior não é nada fácil, dançamos conforme a banda da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Torcer para o Pelotas é como sangrar o nosso coração diariamente. É como atestarmos que nossa saúde mental não anda bem. É como comprovarmos o nosso estado mais insano de loucura. Torcer para o Pelotas transcende a paixão costumeira, é alucinação diária!
Enquanto o E.C.P. não for pensado e traduzido como empresa, não findará o sofrimento. Não há setorização no clube. O presidente faz o que pode, gasta dinheiro do bolso e tempo com seus familiares. Porém, é preciso tornar o áureo-cerúleo mais profissional. Nossa estrutura? Uma das melhores do Estado, sem sombra de dúvidas. Nossa organização como um todo? Umas das piores, sem dúvida. No momento em que somos recebidos para uma reunião por uma pessoa da "alta cúpula" de bermudas, camiseta aberta e chinelo de dedos, já saímos atrás do placar. No instante em que um dirigente grita com um torcedor rival na porta do clube, já estamos perdendo por 2 a 0. O que me parece é que quanto mais bagunça, melhor. Se fazem um trabalho sério por lá? Óbvio que sim. Todavia, devemos começar por boas atitudes, práticas e nos portar como tais.
Segurar o choro dos meus filhos e a frustração não foi fácil. Mas eles devem entender que o futebol do interior é assim: vitória, derrota, desorganização e pouco caso com jogadores identificados com o clube. Seguiremos por pelo menos mais um ano nesse inferno de Segundona.
O Pelotas faz parte da vida deles e da minha. Enquanto ainda estiver por aqui, seguirei os levando na Boca. Temo por eles cansarem, mas se seguirem os passos do pai, não cansarão.
Choramos meus filhos. Lágrimas que traduzem o amor, carinho e dedicação ao nosso time. E, por mais que ele faça pouco caso dessa nossa louca devoção, seguiremos firmes por aqui.
Domingo foi um dia triste...
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