Editorial

Um plano que precisa dar certo

Quando uma gestão pública chega ao ponto de sequer tentar refutar críticas contundentes da imprensa, comunidade em geral ou servidores sobre algo é sinal de que ali está, verdadeiramente, um problema sério a ser enfrentado. Isso porque na política e na administração, tradicionalmente, a lógica é tentar tapar o sol com a peneira ou, sob outro prisma, buscar rebater as falhas ressaltando os acertos. Mesmo que, muitas vezes, tais acertos nada tenham a ver com as falhas identificadas e, portanto, sejam inúteis diante das críticas. Porém, quando o assunto é educação, o governo do Estado do Rio Grande do Sul tem fugido desta lógica, ao menos desde que Eduardo Leite candidatou-se à reeleição e, agora, no começo de seu segundo mandato.

Em incontáveis entrevistas, sempre que confrontado com a constatação de que as escolas da rede estadual encontram-se, em grande número, sob condições lamentáveis, o governador não tem se esforçado em negar. Pelo contrário. Tem assumido que a educação é o principal desafio dos próximos quatro anos como inquilino do Palácio Piratini. Além, claro, de garantir salários dignos, contratações e formação/qualificação aos corpo docente, Leite tem como obrigação fazer com que os educandários gaúchos deixem de ser prédios que, não raro, assemelham-se a ruínas abandonadas. O leitor do Diário Popular deve ter gravadas na memória as imagens de algumas das instituições de Pelotas que, retratadas em reportagens nos últimos anos, apresentava muros, pisos, paredes e tetos degradados, além de instalações elétricas e hidráulicas necessitando de manutenções urgentes. Algo muito distante do que deve ser uma escola.

Escolas públicas, aliás, têm a obrigação de serem referências em suas comunidades. Em uma sociedade que se diga verdadeiramente engajada em avançar através da educação, precisam ser estas as instituições a receberem investimentos constantes que garantam a melhor aparência, a estrutura mais completa, o espaço mais convidativo a crianças e jovens. Tudo isso, é claro, como complemento ao ensino mais qualificado e formador de cidadãos críticos e autônomos, aptos a pavimentar o futuro.

Ontem, ao anunciar o novo plano de atenção às escolas estaduais, o governo parece ter acertado a mão. Ao abandonar o modelo fracassado de atendimento a demandas isoladas das instituições, optando pelo foco em um olhar integrado sobre toda a escola, o Estado se compromete em não continuar em um eterno ciclo de operação tapa-furos que, na prática, nada resolve e a tudo deixa para depois. A partir de agora, o que antes eram declarações em entrevistas e discursos passa a ser um pacto por escolas dignas, firmado pelo governo diante de milhões de gaúchos que são estudantes, pais, educadores. Todos à espera de que, ao chegarem às escolas estaduais, encontrem ali um bom caminho que aponte para a educação que todos têm direito.

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