Entrevista
“Inovação é fundamental”
Em entrevista exclusiva, vice-governador Gabriel Souza aponta prioridades do Rio Grande do Sul
Jô Folha - DP - Gabriel Souza falou sobre o direcionamento de políticas públicas para desenvolver a região sul dentro do contexto econômico histórico
Depois de dois mandatos como deputado estadual, o veterinário Gabriel Souza (MDB) assumiu o cargo de vice-governador do Rio Grande do Sul no segundo governo de Eduardo Leite (PSDB). Em visita a Pelotas na última semana para uma palestra na Associação Comercial, Gabriel concedeu uma entrevista exclusiva ao Diário Popular. Nela, o vice-governador comenta os primeiros cem dias de governo, o pânico pela violência nas escolas e a importância da inovação para essa gestão.
Na última semana, o governador Eduardo Leite apresentou um balanço dos primeiros cem dias de governo, detalhando conquistas e avanços do começo da segunda gestão. Qual é o seu balanço desses primeiros cem dias e como está sendo o trabalho do seu gabinete?
Os cem dias dos governos em geral, mesmo os de reeleição, como é o caso pela primeira vez no Rio Grande do Sul, servem para preparar todo o quadriênio do ponto de vista orçamentário, de gestão e de planejamento a fim de atingir as metas prioritárias estabelecidas já na campanha eleitoral, como a educação é a grande prioridade do governo, mas também em outras áreas que envolvem o que nós chamamos de capital humano. Entendemos que precisamos investir nas pessoas para melhorar a qualidade da nossa mão-de-obra, melhorar as condições à primeira infância, combater a pobreza em geral, e a pobreza infantil em especial, ter condições de ter uma educação básica de qualidade, com escolas com cada vez mais condições de sediar aulas de tempo integral. O Rio Grande do Sul precisa muito melhorar seus índices educacionais, seus índices de capital humano, para ter competitividade no mercado do século 21. Esses cem dias servem para isso, pra que a gente tenha condições de cumprir essas metas; preparar o governo para poder atingi-las. Claro, também com várias entregas de obras que ainda restam do Avançar do governo passado. Nós temos R$ 1,5 bilhão para executar esse ano só em obras rodoviárias, através do Daer, que são obras importantíssimas, estratégicas para o Estado. Aqui na Zona Sul estamos investindo em torno de R$ 300 milhões nas áreas da infraestrutura, da saúde, da educação. São investimentos que só foram possibilitados por colocar as contas do Estado em dia, para que, com o recurso extraordinário das privatizações do ciclo anterior a gente pudesse fazer investimento.
Uma pauta que se impôs em todo o País recentemente é a insegurança nas escolas, com o crescente número de ataques seguidos, agora, por uma onda de pânico e fake news. O que o governo do Estado pode fazer para garantir que essa situação seja manejada para garantir que a escola seja um ambiente seguro ao mesmo tempo em que se faz esses investimentos que o governo planeja?
Vou aproveitar o espaço pra fazer duas observações importantes. Primeiro, uma reflexão, a gente também tem que, além das ações de prevenção, também temos que refletir sobre o que tá acontecendo. Tivemos no Brasil atos de violência que não se explicam, sou pai de uma menina de cinco anos de idade, fico horrorizado e sou solidário às vítimas, em especial seus familiares, porque é algo inacreditável que tá acontecendo no nosso País. A segunda é para dizer à população que o Estado está trabalhando firmemente nesse assunto. Temos os órgãos de inteligência trabalhando de maneira integrada e funcionando. Dias atrás, no município de Maquiné, houve a apreensão de um menor infrator que estava, análogo ao terrorismo, cometendo um crime, e seus pais foram presos em flagrante por apologia ao nazismo. Me toca muito esse exemplo porque o Município fica próximo da minha cidade natal, Tramandaí, e conheço bem aquela comunidade. Isso acaba disseminando um pânico em vários pais, eu mesmo tenho essa preocupação. Quero me dirigir aos pais dizendo que o Estado está trabalhando nesse assunto, com inteligência em articulação com a Polícia Federal, com a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com Polícia Civil, Brigada Militar, a Secretaria de Segurança Pública, através do departamento de inteligência. O governador determinou a aquisição de um software ainda melhor para fortalecer o serviço de inteligência do Rio Grande do Sul, porque muitos atos preparatórios para esses eventos de violência ocorrem na internet.
Historicamente, a região sul do Estado é preterida, econômica e politicamente. Com o governador Eduardo Leite sendo de Pelotas, a metade sul assumiu um protagonismo maior nas pautas do Estado, no entanto ainda se tem muitas dificuldades. O que o governo do Estado pode fazer e tem feito para mudar esse cenário?
De fato, há um acúmulo de décadas de falta de investimentos, não somente públicos, mas também de direcionamento de políticas públicas para desenvolver a região sul dentro do contexto econômico histórico. O que aconteceu é que a matriz econômica do Rio Grande do Sul mudou para o norte do Estado em virtude da industrialização e nós vivemos no século 20 exatamente esse momento, acabando por terminar com a pecuária extrativista que havia aqui na Zona Sul originalmente. Então o que nós precisamos fazer é substituir cada vez mais essas antigas vocações econômicas por vocações dos tempos atuais. A grande economia do século 21 é a da inovação, não temos nenhuma dúvida nisso. A inovação é fundamental para que possamos ter competitividade e aquecimento econômico das nossas regiões. Aqui na Zona Sul não é diferente, aqui tem boas universidades, têm um capital humano que pode ser bem aproveitado nesse sentido, e a inovação é tão importante que nós incluímos como um dos eixos centrais do nosso governo. A partir da inovação, desenvolver a economia gaúcha nesse novo momento econômico que o mundo vive. Temos inovação no agro, na indústria, no comércio e nos serviços, em qualquer atividade econômica, do setor público ou privado, nós vamos ter inovação. Por isso, precisamos ter cada vez mais produtos inovadores, ações inovadoras, para aumentar nossa competitividade.
Integrar o governo do Estado agrega sua experiência como deputado estadual, como presidente da Assembleia. Como tem sido levar essa experiência para o Executivo e como tem sido o diálogo com os parlamentares nesses primeiros cem dias?
Sou oriundo do parlamento, tenho esse DNA afeito ao diálogo, ao respeito à diversidade, à pluralidade de ideias. Todas as funções que um deputado poderia ter eu as tive. Foi uma grande experiência que agradeço muito e quero utilizar agora para colaborar com o governador Eduardo Leite a fim fazer do governo um espaço ainda maior de capacidade de ouvir a sociedade gaúcha. O governo Eduardo anterior já foi assim, quero reconhecer que isso também está no DNA do governador, ele é um político de diálogo. O governo tem tudo para aprofundar ainda mais essa característica. Por fim, estou muito animado com a experiência como vice-governador, coordenando o Gabinete de Projetos Especiais, que o governador incumbiu a mim. Tenho boas expectativas para que possamos fazer um grande governo.
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