Desdobramentos
Comissão de Ética da Câmara recebe denúncia contra Cristina Oliveira
Vereadora é acusada de assédio moral por ex-assessores
Foto: Fernanda Tarnac - Câmara de Vereadores - Vereadora votou a favor da abertura do processo contra si própria com argumento de esclarecer o caso
A Câmara de Vereadores de Pelotas enviou à Comissão de Ética da Casa uma denúncia contra a vereadora Cristina Oliveira (PDT), recebida no final de julho. Ex-assessores da pedetista a acusam de assédio moral no ambiente de trabalho. A denúncia veio à tona na última semana, mas estava sendo tratada com discrição, e seu teor não era conhecido nem mesmo pelos vereadores.
Na sessão desta terça-feira (5), o presidente Cesar Brisolara, o Cesinha (PSB) leu o relatório produzido pela procuradoria jurídica da Câmara com base na denúncia. O documento recomendava o encaminhamento da denúncia à Comissão de Ética da Câmara, que terá 60 dias para produzir um outro relatório que poderia levar à cassação da vereadora. Com 12 votos favoráveis - incluindo a própria Cristina -, três contrários e duas abstenções, os vereadores aprovaram o recebimento da denúncia pela Comissão.
O relatório produzido pelo jurídico detalha o teor da denúncia movida por Juliana Camargo e endossada por outros dois ex-assessores. Juliana relata ter sido vítima de assédio moral e pressões enquanto trabalhava para Cristina e diz que a vereadora exigia que seus assessores executassem tarefas de cunho pessoal.
Sobre a causa animal, principal bandeira de Cristina, Juliana acusa a vereadora de maus-tratos aos animais que acolhe e de não aplicar devidamente valores arrecadados para a causa. Outros dois assessores, Plínio Neto e Deise Nunes, dizem que sofriam cobranças exacerbadas e desrespeitosas, e que o ambiente de trabalho era abusivo.
Ao Diário Popular, a vereadora diz que a denúncia é infundada e que as provas são descontextualizadas. “Estou muito tranquila porque, tendo agora acesso às acusações, vou provar que elas são levianas”, disse. Ela também afirma que, por seu trabalho com a causa animal envolver salvar vidas, “é natural que eu exija comprometimento dos meus assessores”. A vereadora justificou também que votou pelo acolhimento da denúncia para “ter a oportunidade de passar tudo a limpo e não deixar nenhuma suspeita pairando”.
Anderson Garcia (Podemos), relator do caso, diz que tratará a denúncia com seriedade e que ouvirá a vereadora Cristina e que, se achar necessário, irá ouvir também os denunciantes. Sobre a apuração das denúncias, que vem sendo feita pelo Ministério Público, Garcia diz que é necessário a Câmara se antecipar e analisar o caso por si própria. “Se a Câmara não se manifesta num processo, abre um precedente pro Ministério Público fazer sem a palavra da Câmara”, disse.
Desconforto
A situação em torno da denúncia contra a vereadora Cristina gerou um desconforto entre os vereadores. Colega de partido da acusada, Anselmo Rodrigues votou contra o prosseguimento da denúncia e enfatizou que não seria correto aceitar a denúncia sem que os vereadores tivessem acesso prévio ao teor da acusação.
Na mesma linha, os vereadores Miriam Marroni (PT) e Rafael Amaral (PP) votaram contra o encaminhamento do caso à Comissão de Ética. “Ao aceitar, nós estamos admitindo que há consistência na denúncia”, considerou Miriam. “Eu não posso votar em algo que eu não tive acesso. Eu conheço o trabalho da vereadora Cristina”, disse Amaral.
Mesmo os votos a favor do prosseguimento da denúncia tiveram tom de desagravo. “Até o voto da vereadora Cristina e conhecendo o trabalho dela, eu ia votar não. Mas eu quero que a senhora prove, e eu tenho certeza que irá provar, e pelo direito à defesa”, disse Cristiano Silva (UB).
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